Tecnologia do mal: ladrões de banco usam maleta bloqueadora de sinal nos assaltos. Se a moda pega….

Se no passado as ações dos bandidos eram mesuradas pelo grau de organização dos grupos criminosos e a quantidade de informação que eles dispunham para cometer os crimes, agora o que chama a atenção da Polícia são os “gadgets” – gíria tecnológica para dispositivos eletrônicos portáteis – que utilizam para promover os assaltos.

Na prática, conforme apurou o Blog do Nélio, a aplicação da tecnologia para o mal deixou de ser coisa dos filmes de ficção científica e já está nas mãos dos marginais que atuam nos Estados que fazem fronteira com a Bolívia e Paraguai – leia-se Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Os órgãos de combate ao crime organizado nos dois Estados e também nas unidades da Federação vizinhas, como Goiás, Distrito Federal, São Paulo e Paraná, descobriram, após uma apreensão realizada em Cuiabá (MT), que o novo “gadget” preferido pelos bandidos para arrombar e invadir bancos e casas de valores é uma maleta bloqueadora de sinais.

Trata-se de um equipamento capaz de emitir um pulso eletromagnético que bloqueia o sistema de segurança de agências bancárias. Com preços que variam entre R$ 50 mil e R$ 70 mil, a chamada “maleta bloqueadora” é trazida clandestinamente da Bolívia e do Paraguai e é considerada a mais nova peça no arsenal dos assaltantes.

Esse aparelho gera ondas que interrompem os sinais emitidos da agência para as empresas de segurança, permitindo que os bandidos possam agir sem serem interrompidos pela Polícia. Essa tecnologia foi inventada pela Inteligência de Israel para servir de “escudo” contra a detonação remota de explosivos, ou seja, utilizando sinais de radiofrequência, celular ou bip.

O aparelho era ligado em locais onde autoridades de Estado iriam visitar e cortava toda a comunicação nas imediações. Três equipamentos do gênero já foram apreendidos pela Polícia do Mato Grosso e há informações de que os marginais também estão utilizando em Mato Grosso do Sul e nos Estados vizinhos.

Segundo a Polícia, o pulso emitido pela maleta é tão poderoso que, se acionado dentro de uma aeronave em voo, pode até causar sua queda. Semelhante a uma maleta, o bloqueador é feito em metal e, na parte interna, tem uma bateria e uma variedade de modem com várias antenas, de onde partem os sinais de bloqueio.

Para acioná-lo, basta apenas apertar um botão que fica na parte externa. No entanto, esse sistema não é 100% eficaz, pois, se a empresa de segurança estiver atenta, vai ver que houve um problema. Por exemplo, nas câmeras será possível avistar a tela ficar preta.

 

Eficiência atestada

A perícia realizada pela Gerência de Perícias em Engenharia Legal da Politec (Polícia Técnica) do Mato Grosso atestou a eficiência de um bloqueador de sinais apreendido pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) do Estado vizinho.

O equipamento, avaliado em R$ 50 mil, foi despachado em junho do ano passado do Aeroporto Internacional de Curitiba (PR) dentro de uma mala, enrolado em dois cobertores, com destino a Cuiabá (MT).  O objetivo da perícia era atender a uma ocorrência de atividade clandestina de telecomunicações, realizar e coletar dados para a análise.

A Gerência de Perícias em Engenharia Legal da Politec informou que foi constatado que o dispositivo é capaz de bloquear a faixa de frequência de dados de voz das operadoras de telefonia móvel (GSM, 3G, 4G wifi) e faixas de frequência dos serviços públicos de comunicação (CIOSP/SESP).

O suspeito, de 30 anos, foi preso ao desembarcar de um avião que chegava de Curitiba (PR), no dia 5 de junho, no Aeroporto Internacional Marechal Cândido Rondon, em Várzea Grande, durante a Operação Lepus.

A maleta, que tem um botão de acionamento capaz inibir os sinais transmitidos de maneira remota, veio dentro do avião e poderia gerar risco e levar a queda da aeronave, que transportou de Curitiba a Cuiabá.

Conforme o GCCO, o preso é integrante da quadrilha que roubou a agência do Banco do Brasil do Distrito Industrial de Cuiabá, em 1º de abril de 2016, ocasião em que os suspeitos permaneceram por várias horas no interior do estabelecimento bancário.