“Supermercado” de armas de guerra abastecia fronteira

Carlos Federico León Ocampos

Neste fim de semana, os agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) e da Unidade de Investigação Sensível da Polícia Nacional do Paraguai encontraram um poderoso arsenal composto por armas, munições e até explosivos dentro de uma casa localizada no Bairro Villa Aurelia, em Assunção, capital paraguaia, e que funcionava como um verdadeiro “supermercado” de material de guerra.

O procedimento começou quando os agentes, juntamente com a promotora de Justiça Lorena Ledesma, chegaram ao imóvel localizado na Rua Juan Bautista Rivarola Matto quase esquina com a Rua Professor Sergio Conradi, do Bairro Villa Aurelia, em Assunção.

O “supermercado” de material bélico foi descoberto graças às informações obtidas pelo Departamento de Inteligência da Senad, que apurava evidências relacionadas ao tráfico de armas. Os investigadores também estavam no encalço dos homens que tentaram matar o narcotraficante Jorge Rafaat Toumani e o senador liberal Roberto Acevedo em 2016.

Na operação, um grupo prendeu Víctor Hugo Sebastián Ferreira Olmedo e Gabriela Torres Ferreira, enquanto outro grupo prendeu Carlos Federico León Ocampos, presidente da empresa “Comtecpar” e conhecido fornecedor de armas no Bairro Manorá. Após ser preso, o próprio Carlos Ocampos afirmou ser o proprietário de todo o material de guerra apreendido no imóvel.

O material

Quando eles entraram na casa, localizados na área de Multiplaza, os agentes encontraram um arsenal consistindo de armas de grosso calibre, tanto de curto quanto longo alcance, além de munições e cartuchos de vários calibres.

“O tipo e o calibre das armas encontradas no imóvel estão diretamente relacionados às que foram usadas em Pedro Juan Caballero em 2016, quando tentaram matar Rafaat. Na época, os agentes apreenderam um caminhão blindado com armas de grosso calibre, que foi abandonado no Brasil depois do tiroteio com as autoridades paraguaias”, disse Luis Alberto Rojas, que era ministro da Senad em 2016.

No “supermercado” de armas de guerra foram encontradas duas metralhadoras calibre .50 para uso contra veículos brindados, inúmeros rifles de assalto, pistolas, supressores, silenciadores, explosivos, cordas detonantes e munições de diferentes calibres.

Os agentes também acrescentaram que, nos fundos da casa invadida, foi encontrado um armazém com mais armas, munições e explosivos armazenados. Entre outras munições também tinham projéteis de calibre 9 mm, .40 e 38 SPL de origem coreana, calibre de balas 5.56 x 45 mm, de origem dos Estados Unidos, e calibre 12 trazidos clandestinamente da Argentina e da Espanha.

O nome de Carlos Ocampos já tinha aparecido em uma outra investigação sobre tráfico de armas e munições pela empresa “Comtecpar S/A”, administrada apenas por ele. A empresa é fornecedora de armas e munições para instituições do Estado desde 2010.

A Comtecpar também se beneficiou de contratos milionários com o Supremo Tribunal do Paraguai, com o Ministério do Interior e com as Forças Armadas para a entrega de armas e munições de guerra importados dos Estados Unidos.

Os procuradores de Justiça Lorena Ledesma e Carlos Alcaraz acusaram Carlos Ocampos e Ferreira Olmedo por violarem a lei sobre armas, posse de drogas e associação criminal. María Gabriela Torres Ferreira foi liberada porque não podia estar ligada à carga.