Sangue nos olhos: matança na fronteira com 4 vítimas brasileiras pode ter relação com extermínio de Rafaat

Ivanilton Moretti, Sabrina Santos, Gabriela Antonello e Felipe Alves

Mesmo depois de passados mais de um ano do assassinato digno de um filme de Hollywood do narcotraficante e contrabandista de armas Jorge Rafaat Tounami, em 15 de junho do ano passado em Pedro Juan Caballero, na fronteira seca do Paraguai com o Brasil, os acertos de contas continuam na região fronteiriça entre os dois países.

Agora, a Polícia do Paraguai presume que o crime ocorrido na madrugada de ontem (24), em uma boate localizada em Pedro Juan Caballero, e que resultou na execução de quatro brasileiros e deixou outras 11 pessoas gravemente feridas é fruto de um conflito entre os membros das organizações criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) ainda em razão da disputa por território depois da morte de Jorge Rafaat.

Segundo a Polícia, os pistoleiros responsáveis pelo atentado à boate tinham como alvo Galã, um brasileiro de 32 anos que usa pelo menos três identidades – Oliver Giovanni da Silva e Elton da Silva Leonel (brasileiros) e Ronaldo Rodrigo Benites (paraguaio) – e que seria líder do PCC na fronteira. Ele já foi preso diversas vezes com armas, munições e drogas e é aliado do narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48 anos, sendo apontado como o mandante do assassinato de Jorge Rafaat no ano passado.

Galã, líder de uma facção do PCC, opera livremente na fronteira, protegido pela Polícia, promotores de Justiça e outras autoridades judiciais do País vizinho. Os dois pistoleiros autores do atentado de ontem chegaram armados com pistolas e rifles por volta das 2h40 à boate, localizada na linha internacional, entre a Avenida Dr. Francia e Rua Colón, na cidade de Pedro Juan Caballero, Departamento Amambay, com a finalidade de matar dois supostos capangas de Galã.

O ataque deixou um saldo de quatro mortes, que foram identificados como Sabrina Martins Dos Santos, 24 anos, Gabriele Oliveira Antonello, 18, as duas moradoras de Ponta Porã. Além delas foram mortos ainda  Felipe Alves, mais conhecido como “Filhote”, e Ivanilton Moretti, mais conhecido como “Grandão”, todos de nacionalidade brasileira. De acordo com dados da Polícia, Alves e Moretti seriam membros do PCC e respondia diretamente a Galã.

Além disso, ficaram feridas 11 pessoas, incluindo nove de nacionalidade paraguaia e os dois restantes são brasileiros. Os feridos foram assistidos no Hospital de Pedro Juan Caballero, Viva Vida Hospital e Sanatório San Lucas Regional, enquanto outros foram encaminhados para hospitais do Brasil.

As vítimas estavam dentro do bar quando dois homens, armados com uma pistola de 9 mm e um rifle calibre 7.62, chegou ao local a bordo de um carro branco Chevrolet Prisma. Especificamente, os assassinos entraram e dispararam contra os dois casais. O ataque todo durou cerca de 20 segundos, conforme relatado pelo curador Walter Gómez, chefe de Polícia de Amambay.

O incidente assimila-se àqueles perpetrados por grupos terroristas na Europa. Neste caso, os membros de um grupo criminoso entraram em um estabelecimento recém-inaugurado e abriram fogo contra o presente, deixando um saldo de quatro mortos e 11 feridos.

Os feridos são Valter Ulisses Martins Silva, 21, Leandro Maciel Bittencourt, 21, Denis Kawasoko, Pedro Lucas de Moraes, Carlos Augusto Coronel Freitas, 21, Víctor Inocencio Benítez Rivas, 28, Sergio Javier Orlando, 21, Jessica Paola Romero, Jorge Enrique Yunis 21, Carolina Fernández, 19 e Amado Bazán, 17.