Rede de tráfico “aquático” na fronteira tinha ramificação em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero

A rede de tráfico que usava o Rio Paraná para trazer toneladas de maconha do Paraguai para o Brasil e foi desarticulada pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) na tarde de quarta-feira (01) em Salto del Guairá tinha ramificações nas cidades fronteiriças de Pedro Juan Caballero (PY) e Ponta Porã (MS). A quadrilha de traficantes de drogas caiu após a prisão de oito pessoas, incluindo um ex-oficial da Marinha do Paraguai, um ex-policial, dois supostos empresários e até um assistente fiscal, e a apreensão de 16 toneladas de maconha, armas, barcos e automóveis.

Segundo a Senad, o foco agora é prender os irmãos gêmeos Wilson Ruben Caceres Gonzalez e Wilson Dario Cáceres González, este último ex-policial, e assim acabar definitivamente com a rede de tráfico de drogas que tinha como base de atuação a cidade paraguaia de Salto del Guairá, às margens do Rio Paraná. Os irmãos gêmeos seriam os “transportadores” da maconha e levavam os carregamentos com a droga dos centros de produção, que ficam na região da fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, para o armazém em Salto del Guairá, próximo ao porto de balsas no Rio Paraná, que foi invadido pelos agentes da Senad nesta semana.

Wilson Dario Cáceres González foi preso pela primeira vez em Pedro Juan Caballero, em 2008, quando era subtenente da Polícia Nacional do Paraguai, juntamente com seu comparsa e policial Jaime Joel Ayala Benítez, agora com 36 anos e que também é procurado por vários crimes. Os dois, que ainda eram policiais, foram apanhados em um veículo que tinham acabado de roubar em Ponta Porã.

Ambos presos novamente juntos no ano seguinte, em Corpus Christi, Departamento de Canindeyú, transportando 520 quilos de maconha. No entanto, eles foram liberados novamente, mas Jaime Joel Ayala Benitez foi preso outra vez por assassinar um homem em 2011, também em Corpus Christi, em um ataque no qual também participou seu meio-irmão Adelio Adalberto Gomez Benitez, que na época tinha 19 anos.

Jaime Joel Ayala Benitez e Adelio Adalberto Gomez Benitez, finalmente, foram presos em 2012, mas incrivelmente foram libertados como de costume e em 2013 tornaram-se os mais procurados na região depois que mataram cinco cúmplices com quem trabalhavam em uma plantação de maconha em Itakyry, na divisa de Alto Paraná e Canideyú.

Para esse quíntuplo assassinato, Adelio foi condenado a 30 anos de prisão após ser capturado em 2014, mas seu irmão Jaime Joel, para variar, foi solto antes do julgamento e está foragido. Agora, ele também aparece como integrante da quadrilha desarticulada pela Senad em Salto del Guairá, tendo uma estreita relação com os irmãos gêmeos Wilson Ruben Caceres Gonzalez e Wilson Dario Cáceres González.

Deve ser mencionado que os dois irmãos foram presos juntos em 2015 na cidade de Minga Porã, no Departamento de Alto Paraná, em um veículo que também estava Juan Angel Martinez Duarte. A prisão aconteceu minutos após o roubo de G$ 800 milhões em um assalto à agência bancária de Sudameris, em Katueté, no Departamento de Canindeyú, razão pela qual eles foram inicialmente investigados, mas depois, os três foram liberados.

Juan Angel Martinez Duarte não durou muito tempo em liberdade, uma vez que caiu no ano passado com uma carga de 184 quilos de maconha em uma casa em Salto del Guairá, perto do hotel “Ña Eugenia”, pertencente ao seu primo Flaviano Giménez e seu filho, Flavio Junior Giménez Spaini. Os dois estão na lista dos oito presos na quarta-feira e considerado pela Senad como os “cabeças” da estrutura que traficava maconha para o Brasil em lanchas e pagava propinas para quase todas as autoridades locais.

Os outros principais integrantes da quadrilha são o ex-militar da Marinha do Paraguai, Daniel Zorrilla Jorge Vera, que mantinha a droga em seu armazém perto do Rio Paraná, o ex-policial Miguel Angel Torres Ramirez, que ajudou o ex-militar no armazenamento da droga, e o assistente fiscal Wilson Gauto Campuzano, da unidade antidrogas da Polícia de Salto del Guairá, que alertava os traficantes sobre as operações policiais na região.