Quadrilha de execuções comandadas por Jamil Name e Fahd Jamil chama atenção do Brasil. É Fantástico!

O Programa Fantástico, da Rede Globo, trouxe, na edição de ontem (26), as investigações da “Operação Omertà”, que levou para a prisão o empresário campo-grandense Jamil Name, 83 anos, e está à caça do empresário ponta-poranense Fahd Jamil, 79 anos, acusados de comandarem milícias armadas responsáveis por várias execuções em Mato Grosso do Sul.

A reportagem especial do jornalista Eduardo Faustini traz vídeos gravados por câmeras de segurança dos crimes cometidos e mostra a arrogância de Jamil Name, que está preso desde o dia 27 de setembro do ano passado, ou seja, há 10 meses, acusado de ser o chefe do braço do grupo criminoso em Campo Grande (MS).

Além disso, a matéria revela como funcionava a união criminosa de Jamil Name e Fahd Jamil, que continua foragido da Justiça. Ao todo, 40 pessoas respondem a processos criminais, entre organização criminosa armada, corrupção ativa e passiva, milícia privada, tráfico de armas de fogo, extorsão, obstrução de Justiça e homicídio.

A investigação revela como funcionava a parceria entre duas poderosas quadrilhas em Mato Grosso do Sul, uma união criminosa que tinha como características execuções à queima-roupa em locais públicos e o gosto pela ostentação. O esquema contava ainda com a participação de policiais civis, militares, federais e municipais e o envolvimento de autoridades em planos de vingança contra os investigadores.

O jornalista Eduardo Faustini conta o empresário campo-grandense Jamil Name vai ficar no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, até outubro de 2021, conforme decisão do juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, da 2ª Vara Federal do Rio Grande do Norte. Ele explica que a descoberta de novos fatos indicando planos para atentados a autoridades pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) reforçaram a necessidade de Jamil Name ficar isolado e afastado de sua localidade de origem.

A reportagem traz ainda a gravação de audiência por meio de videoconferência realizada no dia 29 de maio deste ano em que Jamil Name oferece uma propina de até R$ 600 milhões aos membros do Poder Judiciário. Na gravação, o octogenário oferece dinheiro para ter decisão favorável ao seu retorno para Campo Grande ou em troca de mandado para tratamento em São Paulo, no Hospital Sírio Libanês, já que ele está preso desde outubro do ano passado no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Segundo a reportagem, o vídeo comprovando a fala só ficou disponível agora e, na gravação, Jamil Name pede no minuto 36 para se manifestar ao “doutor”, como chama o juiz Roberto Ferreira Filho, titular da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, responsável pelo processo. “Eu preciso conversar com o senhor”, diz. O juiz autoriza e ele continua: “Doutor, o senhor podia fazer um grande favor. É o maior favor que eu já pedi na minha vida”, define. Reclama de estar “bloqueado” em Mossoró há 150 dias, sem falar com o advogado, mesmo com o profissional morando lá e classifica a si mesmo como “todo esculhambado”.

“Tô numa situação triste”, prossegue. “O senhor vê que eu tô falando quase chorando”. Em tom de apelação, pede para o juiz devolvê-lo a Campo Grande. “É duro viu, é duro”, lamenta. “Negociata de malandro” – É aí que vem a fala sobre dinheiro. “Se passar pelo doutor lá de cima, o senhor pode dizer para ele mais uma coisa. Que ele me tirando daqui amanhã, que de 100 a 600 milhões, vão aparecer dentro do juízo dele, de negociata de malandro, o senhor está entendendo, né? Na frase, o valor é repetido. “Na verdade, não, mas tudo bem, está registrado aqui”, afirma Roberto Ferreira Filho.

Rei da Fronteira

 A reportagem exibida pelo Programa Fantástico também fala de Fahd Jamil, o “Rei da Fronteira”, lembrando que ele está foragido e que construiu em Ponta Porã (MS) uma casa semelhante a “Graceland”, do falecido cantor de rock norte-americano Elvis Presley. Ele entrou na mira da Polícia após a deflagração da terceira fase da “Operação Omertà” para desarticular grupo de milícia armada responsável por inúmeros crimes de pistolagem em Campo Grande (MS).

O “Rei da Fronteira” já teve negado também um pedido de habeas corpus no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), mas defesa dele recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Fahd Jamil é réu por organização criminosa, tráfico de arma de fogo, obstrução de Justiça e corrupção.

Segundo as investigações, a cidade fronteiriça de Ponta Porã (MS) é base da organização criminosa que conta com milícia armada de assassinos profissionais. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) informa que chegou ao grupo durante as investigações contra Jamil Name e Jamil Name Filho, que foram presos na primeira fase da Operação Omertà no dia 27 de setembro de 2019 sob a acusação de liderarem a base de Campo Grande da organização criminosa.