Prender estuprador pobre é fácil. Já os ricos, mesmo condenados, continuam livres, leves e soltos!

Juiz Marcelo Ivo e a conversa entre Zeca e sua cafetina

Que o estupro é um dos crimes mais hediondos da sociedade não se pode negar e, portanto, os autores desse tipo de atrocidade devem ser punidos dentro dos rigores da lei. No entanto, em Mato Grosso do Sul, não é bem assim que as coisas acontecem.

Enquanto o Tribunal de Justiça nega, de forma acertada, o habeas corpus ao “Tio Zé”, suspeito de abusar sexualmente de pelo menos dois adolescentes, moradores de um condomínio de Campo Grande (MS), o empresário José Carlos Lopes, mais conhecido como Zeca Lopes, dono de frigorífico em Terenos (MS), que foi condenado em outubro do ano passado a quase 20 anos de prisão por estupro de duas meninas de 13 e 10 anos de idade, continua livre, leve e solto.

Ao contrário de Zeca Lopes, o “Tio Zé” é pobre e, portanto, pesa contra ele todo o rigor da lei e, realmente, trata-se do correto, pois, assim como o empresário, ele também abusou sexualmente de menores de idade e deve ser punido pelo crime. No caso dele, as denúncias de abuso vieram à tona depois que moradores desconfiaram da atitude da entrega de dinheiro a uma das vítimas e decidiram perguntar o motivo.

Em áudio, gravado pelos próprios vizinhos, um menino, de apenas 12 anos, revela que era abusado em troca de dinheiro, há aproximadamente um ano. Na gravação, o garoto divulga o nome de outras vítimas que também recebem dinheiro e podem ter sido abusadas. Após o registro, o menino foi encaminhado para a realização de um exame de corpo de delito para a constatação do crime de abuso sexual. O resultado do exame, de acordo com a mãe, saiu no dia 16 de outubro, confirmando o estupro.

 Força do dinheiro?

Já Zeca Lopes conseguiu na Justiça, por mais de um ano, uma “anuência” na Justiça até que o juiz Marcelo Ivo, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, sentenciou, em outubro do ano passado, a 19 anos e dez meses de prisão por estupro de duas meninas de 13 e 10 anos de idade, mas, até agora, ele não passou nem perto da cadeia. Desde 2016 o Blog do Nélio questionava o porquê de a condenação demorar tanto, afinal, eram acusações sérias e com base em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça.

Esses áudios mostravam conversas entre a cafetina Rosedélia Alves Soares, a Rose, que também foi condenada por aliciar adolescentes para a exploração sexual, e o empresário Zeca Lopes, negociando, claramente, encontros com garotas menores de idade. De acordo com a denúncia, Zeca Lopes cometeu o crime de estupro de vulnerável contra duas meninas, de 10 e 13 anos de idade, repetidas vezes.

Sexo com menores de 14 anos é considerado estupro mesmo que haja o consentimento da adolescente. Ele foi indiciado no esquema de escândalo sexual em 2015 e chegou a dizer que não saia com mulher casada. Depois das denúncias, o TJMS chegou a suspender o andamento do processo, mas, em seguida a medida foi suspensa e, até outubro do ano passado, nenhuma resposta tinha sido dada à sociedade.

Lopes, de acordo com as investigações do escândalo sexual, era cliente de cafetinas que atraiam menores à prática da prostituição. Em um dos casos, ele teria acertado ir até um motel de Campo Grande, onde se encontraria com uma adolescente. Lá, a vítima, uma menina de 10 anos de idade, segundo depoimento dela mesma, teria tirado a roupa por ordem do empresário, pelo valor de R$ 400. O denunciado nega que tenha tocado na menina, o que para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), é “irrelevante”, já que a Corte considerou dispensável o contato físico para caracterizar crime de estupro de vulnerável.

 Festas

A demora em se fazer justiça contra os crimes de estupro praticados por Zeca do Lopes talvez possa ser explicada pela proximidade do empresário com os mais altos integrantes do TJMS. O Blog do Nélio chegou a denunciar que ele bancou uma “festança” sem precedentes quando comemorou seus 60 anos no fim de 2013, reunindo a nata da sociedade sul-mato-grossense, entre eles, desembargadores, juízes, políticos e empresários que se deliciaram com a mordomia oferecida pelo anfitrião.

Os amigos, 400 convidados, tiveram o privilégio de ouvir a banda do Faustão regados com champanhe Veuve Clicquot, uísque escocês e vinho Don Menchor, além dos melhores canapés. Bem, o fato é que Zeca Lopes circula bem pelos poderes desse Estado e se reúne com facilidade com autoridades.

Ora, caso alguém compartilhe a foto de uma criança em pose sexual é crime de pedofilia, o que dizer atrair crianças para um motel através de uma ação sórdida de uma cafetina criminosa e ordenar que ela se despisse, para satisfazer sua lascívia, não vale nada? É normal? Não, não é. É crime também… E em se tratando de menor de 14 anos é estupro ou não nobre desembargador??

Defender pedófilos não dá! A sociedade tem que reagir. Como ficam as famílias dessas pessoas que não frequentam e conseguem benesses de empresários mal intencionados?

A resposta tem que ser dada pelas pessoas de bens da nossa sociedade.