Polícia prende no Paraguai suspeito de fornecer drogas e armas para quadrilhas cariocas

A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) prenderam, em Assunção, capital do Paraguai, o traficante de drogas e armas Gabriel Mendes da Silva, o “Turco”, que é apontado como fornecedor de armas e drogas para quadrilhas que atuam em favelas do Rio de Janeiro (RJ).

A prisão ocorreu na noite de sábado (14) durante uma operação conjunta na capital paraguaia e em San Bernardino, cidade a 50 quilômetros que virou a região preferida da elite paraguaia. O alvo principal da ação era um homem apontado pela Polícia como dos principais traficantes de armas e drogas da América do Sul.

Trata-se do paranaense Ricardo Luiz Picolotto Pedroso da Silva, conhecido como R7, ligado à facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), que conseguiu escapar do cerco policial. Ele é investigado pela unidade especializada da Polícia do Rio porque, além de abastecer o mercado paulista, é suspeito de colocar armas e drogas nas favelas do Rio.

A Polícia monitorou endereços dele no Paraguai, onde vive há mais de um ano se escondendo da justiça brasileira (ele tem mandado de prisão pela Justiça do Rio Grande do Sul). Quando os agentes invadiram a casa ele tinha acabado de sair. Só a mulher e o filho recém-nascido estavam no endereço, em uma região nobre de Assunção.

Se R7 conseguiu escapar, outro alvo da ação, um de seus principais aliados, Gabriel da Silva, de 35 anos, não teve a mesma sorte. O traficante também é foragido das cadeias brasileiras. Aliás, não apenas das brasileiras. O catarinense, integrante da mesma facção paulista, estava entre os 76 detentos que, em janeiro de 2020, escaparam por um túnel de uma cadeia em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), é uma das principais rotas do comércio de armas e drogas do continente.

Turco estava numa confortável casa na cidade de San Bernardino, avaliada em R$ 2,5 milhões. Dentro da casa os agentes encontram uma arma, munição para pistola e fuzil, celulares e um computador. Como também escapou da prisão paraguaia, a Justiça local vai decidir se extradita o traficante brasileiro ou se o mantém em uma cadeia do país.

Uma apreensão feita pela polícia e considerada importante pelos investigadores foi a de documentos de contabilidade que mostram a organização da quadrilha. Para os agentes, a contabilidade prova o que as investigações da Desarme e da Senad já indicavam: que fuzis de diversos calibres e pistolas são enviados semanalmente para o Brasil.

“O R7 é um personagem obscuro para a polícia brasileira, mas que entope as favelas do Rio com armas e drogas. É um traficante metódico, que controla o material que vende anotando até a procedência das armas que comercializa. Ali no Paraguai chegam para ele armas do mundo inteiro. Israel, Estados Unidos, China, Europa e até da Austrália. E dali ele vai enviando pra cá”, explica o delegado Marcus Vinicius Amim, titular da Desarme.

Nem a dificuldade de trânsito na fronteira entre os dois países em virtude da pandemia de coronavírus freou os traficantes, segundo uma agenda com comprovantes de compra e venda de armas encontrada na mesma casa. São milhões de reais em diversas negociações. Num dos celulares do traficante um vídeo mostra a quadrilha manuseando milhares de dólares e brincando, colocando numa máquina de contar dinheiro.