Polícia do Paraguai identifica dono de carga de cigarros apreendida em megaoperação na fronteira

O empresário Alcides Rubén Frutos Arana, suspeito de ser contrabandista de cigarros do Paraguai para o Brasil, é apontado pela Polícia do Paraguai como o proprietário da carga apreendida na quinta-feira (7) durante megaoperação realizada em uma fazenda pertencente ao narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão na colônia de Cerro Cora’i, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã (MS).

“Ele é nativo do Salto del Guairá”, disse o promotor Hugo Volpe, que também indicou que a Frutos tem uma empresa de distribuição de cigarros chamada Liza S/A. De acordo com relatos, o traficante de drogas Jarvis Chimenes Pavão apareceria como dono da fazenda onde a carga foi encontrada e, de acordo com o Ministério Público, a facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria envolvida com o contrabando de cigarros.

Alcides Rubén Frutos Arana, também conhecido como “Kapí”, é um homem de negócios da indústria de cigarros suspeito de ser contrabandista do produto para o Brasil e de ter influência junto à Polícia e à Procuradoria. Hugo Volpe observou que nenhum documento foi apresentado para sustentar a veracidade das informações sobre a propriedade da carga.

Ele confirmou que entre a carga irregular estavam duas marcas produzidas pela Tabacalera del Este SA (Tabesa), de propriedade da família do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, bem como de outras empresas. Devido à falta de documentos, à localização da fazenda perto da fronteira e à reação do pessoal que atirou contra os policiais durante a incursão, a Procuradoria suspeita da irregularidade da carga.

Contrabando

Em razão disso, o promotor Hugo Volpe acusou de contrabandistas as 28 pessoas que foram presas durante a megaoperação com uma grande quantidade de cigarros produzidos principalmente pela empresa de tabaco do presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Hugo Volpe ainda informou que um advogado da Distribuidora Liza S/A, de Salto del Guaira, se apresentou como dono da enorme carga de cigarros encontrada no rancho.

As centenas de milhares de pacotes foram escondidos em dezenas de caminhões com placas brasileiras e paraguaias, que de fato tinham decalques da referida empresa. Um dos principais acionistas da Distribuidora Liza S/A é o conhecido empresário pertencente a Alcides Rubén Frutos Arana, mais conhecido como “Kapi”, de 33 anos, cujo advogado disse que a carga apreendida é legal e prometeu apresentar todos os documentos.

No entanto, o funcionário do Ministério Público disse que eles têm suspeita suficiente para denunciar uma acusação de contrabando e, por isso, já pediu a prisão preventiva para os 28 detidos porque alegou que existe o risco de escaparem. Os arguidos são 12 paraguaios e 16 brasileiros, vários dos quais enfrentaram a tiros o grupo que entrou na manhã de quinta-feira no rancho Cerro Cora’i, a sete quilômetros do centro de Pedro Juan Caballero.

O agente Volpe sublinhou ontem à noite que ele tem informações não oficiais de que o imóvel interino pertence ao traficante Jarvis Chimenes Pavão, mas enfatizou que vão investigar se existe um contrato de arrendamento a favor de Frutos, cuja imputação está aguardando. A advogada Laura Casuso negou que o imóvel pertença ao seu cliente Pavão.

Mas, na verdade, os dados originais da Polícia dão conta a propriedade rural escondia uma célula do PCC, que tentaria libertar do Grupo Especializada o chefão Jarvis Chimenes Pavão antes que ele seja extraditado para o Brasil. A surpresa dos agentes foi quando eles encontraram a carga gigante de cigarros, principalmente da marca de San Marino, que é produzido pela empresa Tabacalera del Este SA (Tabesa), pertencente ao presidente,Horacio Cartes, mas gerida por José Ortiz, que por sua vez seria muito próximo do proprietário da Distribuidora Liza S/A.

Incrivelmente, após a operação, a Polícia ficou em silêncio, já que, aparentemente, apreenderam cigarros do presidente Cartes poucos dias antes das eleições internas do Partido Colorado. Nesse sentido, aquele que deve ser arcar com as consequências políticas da operação é o diretor-geral da Investigação Criminal, Tomás Cristaldo.