PF começa a prender doleiros que “lavam” dinheiro no Paraguai e Uruguai

Uma operação chamada Harpy, iniciada ontem (3) pela Polícia Federal, está desmanchando uma rede de cambistas que movimentou US$ 1 bilhão em quatro anos entre Brasil, Uruguai e Paraguai. A operação começou pelo Rio Grande do Sul e Rondônia em busca de membros dessa rede, que é investigada por sonegação e lavagem de dinheiro, sendo que 10 pessoas já foram presas.

O esquema criminal consiste em lavagem de dinheiro sujo do Brasil nas casas de câmbio do Paraguai e Uruguai, movimentando mais de US$ 1 bilhão entre 2015 e 2019. Aproximadamente 80 agentes estão envolvidos na operação policial nas cidades gaúchas de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Santana do Livramento, além de Ariquemes, em Rondônia, para cumprir 16 mandados de prisão.

A investigação da rede criminosa começou no ano passado e, através deste trabalho, eles detectaram uma conexão de doleiros que operavam tanto em Porto Alegre como em Santana do Livramento, bem como em Rivera, no Uruguai, e Ciudad del Este, no Paraguai. Essa associação criminosa era conhecida como “dólar do cabo” e realizava a lavagem de dinheiro no Brasil e no exterior.

O “dólar do cabo” é um sistema alternativo paralelo ao sistema financeiro tradicional para enviar dinheiro entre suspeitos. Os suspeitos realizaram operações não autorizadas, instaurando vários crimes, principalmente lavagem de dinheiro, evasão de moeda e organização criminosa.

As investigações no Brasil sobre lavagem de dinheiro geralmente chegam ao Paraguai porque o sistema financeiro nacional do país vizinho é usado por organizações criminosas. Nesse contexto, no dia 31 de julho foi preso o empresário Darío Messer, mais conhecido como “doleiro dos doleiros”, que era “irmão espiritual” e sócio de uma entidade financeira do ex-presidente Horacio Cartes. Messer, que até integrou delegações oficiais do governo paraguaio na época de Cartes, foi preso em São Paulo (SP).