Onde começou a propina! Inquérito de delação da JBS contra Zeca trava e petista continua com campanha

O processo de investigação da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, controladora da JBS, contra o deputado federal e candidato a senador Zeca do PT na época em que era governado está parada na Justiça depois de mais de um ano após ter vindo a público. Quem comemora é o próprio denunciado, já que pode seguir com sua campanha eleitoral sem qualquer tipo de problema judicial.

Na delação, os irmãos Batista denunciaram que foi na gestão de Zeca do PT à frente do Governo do Estado que começou a vigorar o esquema de pagamento de propina em troca de benefícios fiscais. O acordo de delação foi feito em maio de 2017, em fevereiro deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de inquérito contra Zeca, mas, em agosto, a Corte remeteu a análise das acusações para a 1ª instância das justiças estadual e federal.

A última movimentação no STF foi em 20 de agosto e enquanto os autos não forem distribuídos paras varas da justiça comum a apuração fica travada. Em maio do ano passado, os irmãos Wesley e Joesley Batista delataram centenas de políticos que teriam recebido propina da empresa e revelaram que em Mato Grosso do Sul, o esquema foi instituído pelo então chefe do Executivo em 2003.

Wesley contou, conforme consta na transcrição do depoimento do empresário anexada ao acordo de colaboração premiada firmado com a PGR (Procuradoria-Geral da República), que foi Zeca quem negociou percentual de 20% do valor economizado em ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) pela empresa em Mato Grosso do Sul como propina.

Os valores supostamente pagos ao então governador não foram informados. O dono da JBS e Valdir Boni, um dos executivos da empresa, acrescentaram, entretanto, que em 2010 voltaram a fazer pagamentos a Zeca do PT, quando ele se candidatou a deputado.

Os delatores disseram que R$ 3 milhões (R$ 1 milhão em doação oficial e R$ 2 milhões em espécie) foram pagos ao então candidato à uma vaga no Congresso Nacional e relataram ainda que por ordem de Joesley, Florisvaldo Caetano de Oliveira fez pagamentos da ordem de R$ 100 mil ao deputado. Numa das ocasiões, Zeca teria buscado remessa de dinheiro pessoalmente em escritório de São Paulo (SP).

Direito de defesa

O advogado de Zeca afirma que o deputado federal nunca foi chamado para prestar esclarecimentos e que sequer foi intimado da investigação ainda. Portanto, não há o que se falar, por enquanto, em argumentos de defesa.

Quando a delação veio à tona, o deputado negou à imprensa ser o mentor do esquema da JBS no Estado.

Em nota, o ex-governador afirmou “na condição de ex-governador do Estado, nunca pediu e nem tomou conhecimento de que alguém tenha pedido propina ao referido grupo em seu nome ou em nome do seu governo”.

Ele desafiou os delatores a apresentarem provas contra ele