Olho no olho! Romero, acusado de pedofilia, será ouvido hoje pelo juiz da 7ª Vara Criminal

O vereador Eduardo Romero (Rede), que pode perder o seu mandato na Câmara de Campo Grande em decorrência da divulgação na mídia da ação que responde na Justiça pelo suposto estupro de um garoto de 13 anos ocorrido em 12 de novembro de 2017, será ouvido, nesta terça-feira (05), na primeira audiência do caso realizada pela na 7ª Vara Criminal de Competência Especial da Capital.

O juiz Marcelo Ivo, titular da 7ª Vara Criminal de Competência Especial, marcou a audiência para as 16h30, quando serão ouvidos Romero e o adolescente que o acusa de abuso sexual. Além do adolescente e do vereador, serão ouvidas as testemunhas de acusação.

Ainda no mesmo dia, às 16h50 e às 16h55, serão as oitivas de testemunhas de defesa, por videoconferência. O promotor de Justiça responsável pelo caso é Celso Antônio Botelho de Carvalho, da 68ª Promotoria.

Reincidência 

Além do processo na Justiça, Romero também deve enfrentar os colegas nesta semana, quando retornam os trabalhados legislativos da Câmara de Vereadores de Campo Grande. A Casa de Leis já passou por problemas semelhantes com seus parlamentares, sendo que os dois primeiros que foram envolvidos em escândalos de pedofilia e perderam os mandatos foram Robson Martins e César Disney, que chegaram a ser presos pela exploração sexual de três adolescentes.

O caso teve ampla repercussão em 2003. Disney e Martins renunciaram aos mandatos e entraram no ostracismo da política. Ambos foram condenados em primeira instância e absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Disney morreu de câncer, enquanto Martins se tornou advogado e nunca mais conseguiu ser eleito para nenhum cargo. Em abril de 2015, novo escândalo envolvendo exploração sexual levou à renúncia do vereador Alceu Bueno. Na época no PSL, ele foi denunciado junto com o ex-deputado estadual Sérgio Assis. Bueno acabou sendo brutalmente assassinado com golpes de martelo e tábua e carne no fim de setembro de 2016.

A polícia descobriu o caso depois que o então vereador decidiu denunciar que estava sendo extorquido por empresário Luciano Pageu e pelo ex-vereador Robson Martins, o mesmo que havia sido considerado inocente em 2005 por exploração sexual, para que vídeos dele mantendo relações com uma jovem menor de idade não fossem divulgados.

O grupo, ao qual também pertencia o comerciante Fabiano Viana Otero, aliciava adolescentes para se encontrarem com os parlamentares em troca de dinheiro. As meninas filmavam os encontros por câmeras escondidas em chaveiros e as imagens eram usadas para extorquir os políticos.

Os cinco envolvidos no esquema foram condenados no final de 2015 a penas que, somadas, chegavam a 57 anos de reclusão. Em setembro de 2016, porém, o ex-vereador Alceu Bueno foi encontrado morto, com o corpo queimado após um latrocínio.

 

Suplente

Caso Romero perca o mandato, a primeira suplente da coligação PV-REDE, na última eleição municipal, é a professora Ordália Alves de Almeida, 58 anos. Ela tem 32 anos como docente da UFMS e é doutora em Educação, pós-doutora em Sociologia da Infância e diretora da Faculdade de Educação da instituição.

Na eleição de 2016 em Campo Grande, Ordália teve 1.656 votos. Em 2018, ela também disputou uma vaga na Câmara Federal nas últimas eleições pela coligação PV, REDE PC do B, recebeu 5.690 votos, mas não foi eleita.

A Câmara de Vereadores está em recesso. No entanto, a Comissão de Ética da Casa de Leis, presidida pelo vereador Airton Araújo (PT), informou que o assunto será levado informalmente para análise e ainda não há uma posição do que pode acontecer com o mandato do vereador.

 

Entenda o caso

O suposto estupro do garoto teria ocorrido em 12 de novembro de 2017. O caso foi levado à Polícia Civil pelos pais do adolescente no dia 17 de novembro de 2017, cinco dias após o suposto crime.

O menino foi ajudar o tio na reforma da casa do vereador, que, ao ver o menino sozinho, o convidou para ir até o quarto. No local, teria feito sexo oral no adolescente e obrigado o menor a retribuir o ato.

A mãe do adolescente contou à Polícia que estranhou o comportamento do garoto, que passou a ficar arredio, alegar constantes dores de cabeça e não querer ir à escola.

Pressionado, o menino acabou contando o suposto estupro praticado pelo vereador. Os pais procuraram Romero e, no primeiro momento, ele negou crime, mas, passados 15 minutos, pediu aos pais do adolescente que retornassem e teria confirmado a história.

De acordo com o relato, Eduardo alegou que estava sob o efeito de drogas, chorou e pediu desculpas pelo crime. Os pais consideraram o caso grave e o denunciaram à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

O inquérito já virou processo judicial e tramita na 7ª Vara Criminal de Competência Especial de Campo Grande, especializada em crimes envolvendo crianças e adolescentes. A primeira audiência está marcada para o dia 5 de fevereiro deste ano.

 

O outro lado

 

Em nota, o vereador Eduardo Romero insinua que é vítima de armação de inimigos, no entanto, não dá nome aos bois. Ele ainda ressalta que confia na Justiça e em Deus. Confira abaixo a nota na íntegra:

“Quanto à acusação que está circulando nas redes sociais e imprensa, esclareço:

Trata-se de uma acusação totalmente falsa e indevida. Estar na política te transforma em inimigo de muita gente, e não medem esforços para prejudicar e tirar de cena.

A justiça está fazendo seu trabalho e em breve teremos as respostas. Confio na Justiça e em Deus, e tenho a consciência tranquila.

Mas deixo o questionamento: como um processo sigiloso torna-se público gerando prejuízos incalculáveis, antes mesmo da decisão da própria Justiça? Absurdo.

 

Eduardo Romero”.