“Ó Olarte, tu tá solto ainda?” Justiça nega recurso e ex-prefeito pode ser preso. Será que agora vai?

Demorou, mas parece que a justiça finalmente será feita contra o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, que foi condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, mas está livre, leve e solto até hoje. No entanto, a sorte do pastor está mudando, já que o Órgão Especial do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) negou, por unanimidade, mais um recurso dele.

O vice-presidente da corte, desembargador Carlos Eduardo Contar, encaminhou o processo para a 1ª instância, que vai analisar o pedido do MPE (Ministério Público Estadual) para a execução imediata da pena de oito anos e quatro meses. O pedido de prisão do ex-prefeito de Campo Grande foi encaminhado para a juíza Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, porém, o desembargador tinha encaminhado a ação para o juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da 1ª Vara de Execução Penal.

“Determino seja o presente encaminhado ao Juízo da 1ª Vara de Execução Penal da comarca de Campo Grande para a devida avaliação acerca do pedido de execução imediata da pena imposta ao acusado GILMAR ANTUNES OLARTE, e demais providências subsequentes no tocante à execução da pena, que ficam delegadas ao juízo de 1º grau”, determinou o desembargador no dia 29 de novembro do ano passado.

No entanto, o processo só chegou à 1ª instância no dia 31 de janeiro deste ano e foi encaminhado para a 3ª Vara. A juíza Eucelia Moreira Cassal foi a responsável pela prisão do médico Alberto Jorge Rondon de Oliveira, condenado por mutilar 195 mulheres no início dos anos 90, segundo informações do site O Jacaré.

Em decorrência da demora no encaminhamento dos autos – dois meses, apesar de todo sistema judiciário estadual estar informatizado – a magistrada analisará o pedido após o julgamento do último recurso de Olarte. Na esperança de anular a sentença, ele ingressou com embargos de declaração criminal, que foi analisado pelo Órgão Especial na última quarta-feira (5).

A defesa, feita pelo advogado Renê Siufi, insiste que a sentença deve ser anulada, porque Olarte abriu mão do foro privilegiado em setembro de 2019, ao renunciar ao cargo de prefeito, para ser julgado na primeira instância. No entanto, o pedido foi negado pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva e a Seção Criminal Especial do TJMS julgou procedente a denúncia, condenando-o a oito anos e quatro meses de prisão em regime fechado no dia 24 de maio de 2017.

“Conforme se extrai das razões recursais, externadas no relatório dos presentes Embargos de Declaração, o recorrente não impugnou uma linha sequer do acórdão, limitando-se a mencionar teses estranhas ao julgado, como se estivesse examinando o mérito da questão”, pontuou o relator do recurso, desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte.

“Esta conduta é repugnada pelo ordenamento jurídico (art. 1.010,CPC/2015) porquanto incorre em ofensa ao princípio da dialeticidade quem não apresenta, em seu recurso, os argumentos de fato e de direito destinados a rebater os fundamentos da decisão recorrida”, pontou, votando pela rejeição do pedido.

O recurso foi improvido por unanimidade. Agora, a prisão do ex-prefeito para o início do cumprimento da pena vai depender da juíza Eucélia Moreira Cassal ou do juiz Mário José Esbalqueiro Júnior. O ex-prefeito pode ter o direito de cumprir a pena no Presídio Militar e será o primeiro na história de Campo Grande a cumprir pena por corrupção.