Matar ou não matar?! Autoridades bolivianas não se entendem sobre ação que acabou com 5 mortos

A controvérsia sobre o ataque sangrento na importadora Eurochronos, em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia, matando sem precedentes cinco pessoas  a tiros tomou forma com maior ênfase um dia após o evento violento, entre os que defendem a ação da polícia e aqueles que acreditam que protocolos não foram utilizados para preservar vida dos reféns e dos assaltantes.

A ação ocorreu na quinta-feira quando bandidos, inclusive brasileiros que seriam do PCC, tentaram roubar uma joalheria e ao saírem com os reféns num escudo humano foram fuzilados pela polícia.

A defesa mais bombástica da atuação da polícia foi do presidente Evo Morales . “Políticos de direita que questionam a polícia por frustar um assalto semeiam pânico nas redes sociais e na realidade defendem a delinquência”, escreveu Evo em sua conta oficial do Twitter.

O Ministro do Governo, Carlos Romero, destacou afirmando: “tem havido uma forte mensagem de criminalidade: aqui na Bolívia, quem se atreveria a empreender tais ações terão a resposta da polícia e você tem que enfrentar as consequências. ”

Da mesma forma, Gonzalo Medina, diretor do grupo que abriu fogo e executar os bandidos que estavam no chão, aparentemente exausto, lamentou as mortes e disse que, nestas situações grupos táticos operam desta maneira, matando bandidos, caso contrário o risco dos bandidos fortemente armados podem causar mais mortes. “O que fizemos foi cumprir protocolos acabar com a vida desses cidadãos no  racional, necessário, equilibrado e legal da força”, disse ele.

Na calçada oposta Thomas Monasterios deputado da oposição, pois em dúvida a ação policial com relação à implementação de protocolos de segurança para salvar as vidas dos reféns.

O chefe da Unidade Nacional (UN), Samuel Doria Medina, exigiu “uma investigação séria e objetiva’, a tempo de assegurar que “o governo deve assumir a responsabilidade política para a chegada de máfias para a Bolívia”.

Para o ex-juiz  Luis Tapia Pachi, a polícia não teve capacidade de negociar com os ladrões quando se supôs que eles tinham pessoas em perigo.”Não se cuidou dos reféns e sim da propriedade privada. Temos uma polícia em desvantagem que atuou com um simples revólver frente a uma organização criminosa com armas de largo alcance”.

Para o advogado Alejandro Colanzi a força da ordem deve lidar com um sistema institucionalizado para resolver essas crises com tomada de reféns, com diferentes opções padrão: conter e negociar; o uso de agentes químicos; o uso de atiradores de elite e, finalmente, o uso da força por assalto.”Amanhã não será Eurochronos, onde havia talvez lugares para se protegerem, será na praça ou em outro lugar. Este é um tema subjacente que supera até mesmo a polícia. O Estado não está protegendo a vida “, disse Colanzi.

A dinâmica do caso

A testemunha silenciosa da violência era o edifício Eurochronos. Sua fachada estava furada com mais de 60 impactos de bala, bem como no chão, onde os três assaltantes e a gerente, Lorena Tórrez, morreram e dentro de estabelecimentos comerciais onde as balas estilhaçaram as vitrines expondo jóias e relógios.

Disparos dos assaltantes, incluindo balas de calibre 5,56 mataram o tenente Carlos Gutierrez, que estava em uma van tentando controlar o tráfego na região.

Mas os tiros vieram do telhado de um prédio em construção em frente a joalheria, onde um agente de elite abriu fogo para baixo onde havia assaltantes e reféns com as mãos na cabeça e depois escondidos atrás das floreira e mesmo assim a saraivada de bala continuou

Gutierrez foi baleado na cabeça; Lorena Tórrez uma bala calibre 9 milímetros também na cabeça; o bandido brasileiro Antonio Adão da Silva recebeu três impactos; um dos bandidos não identificados 11 balas, e o terceiro 12 munições. Com informações El Deber.