Justiça ratifica extradição do traficante Jarvis Pavão para o Brasil. Agora Interpol cuida da transferência.

A juíza paraguaia María Gricelda Caballero ratificou ontem (04) a aceitação do pedido de extradição para o Brasil do poderoso traficante de drogas Jarvis Chimenes Pavão, que se materializará uma vez que cumpra sua sentença no país vizinho no próximo dia 27 de dezembro.

A autorização de extradição do “chefão” do comércio de drogas entre o Paraguai e o Brasil foi divulgada por meio da carta oficial nº 1.721 do Poder Judiciário, assinada pela juíza criminal María Gricelda Caballero e que foi enviada à sede da Interpol no país vizinho.

A partir da notificação, a Interpol iniciará os procedimentos correspondentes para fazer cumprir a ordem para trazê-lo ao Brasil, onde tem processos legais pendentes por tráfico de drogas e assassinato. Jarvis Chimenes Pavão caiu em 27 de dezembro de 2009 na Fazenda “El Hotel”, em Yby Yaú, durante uma operação realizada por agentes da Senad (Serviço Nacional Antidrogas), senod que dois dias depois foi levado à prisão na Penitenciária Nacional de Tacumbú.

Em 2 de maio de 2014, um tribunal o considerou culpado pelos crimes de lavagem de dinheiro, violação da lei de armas e associação criminal, pelo qual foi condenado a oito anos de prisão. O brasileiro ocupou uma cela de luxo em Tacumbú, onde continuou a controlar seus negócios e ordenar homicídios, de acordo com fontes policiais.

Em razão disso, na noite de 26 de julho de 2016, ele foi transferido para o Grupo de Polícia Especializada. Em 23 de maio deste ano, a juíza Gricelda Caballero concedeu a extradição de Jarvis Chimenes Pavão ao Brasil para atender a um pedido do juiz federal de Caxias do Sul (RS), Rafael Farinatti Aymone, no quadro de um processo para o tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico internacional de drogas e homicídio qualificado.

Neste caso, o “grande tiro” do tráfico de drogas é processado junto com outras 44 pessoas. Em 29 de agosto, o Tribunal de Recurso, a 3ª Secção, confirmou a extradição, ratificando a sentença proferida pelo juiz Caballero. Chimenes Pavão também tem outro pedido de extradição pendente, que será executado quando ele completar em 27 de dezembro os oito anos de condenação que tem no Paraguai por associação de criminosos e lavagem de dinheiro.

 

Segurança reforçada

Centenas de policiais mantêm cercada a sede do Grupo Especializado da Polícia do Paraguai, localizada em Assunção, capital do Paraguai, diante de novos rumores de um plano de resgate de Jarvis Pavão. Durante a noite de ontem (4) e os primeiros minutos desta terça-feira (5), houve uma movimentação incomum de forças policiais nas proximidades e vários departamentos da Polícia Nacional estão envolvidos no cerco da área.

Ao longo da Avenida dos Estados Unidos, na entrada do local, existem inúmeros carros de patrulha policial e, em alguns pontos, barris de metal foram colocados como barricadas. Todos os policiais carregam armas pesadas e estima-se que mais de 100 homens foram designados para a operação de proteção ao Grupo Especializado.

Já na entrada principal há um contingente policial, acompanhado de veículos militares, enquanto o pessoal militar está guardando a sede na parte interna. Outro grupo de oficiais uniformizados é responsável pela realização de patrulhas ao redor. Embora os uniformizados evitem dar mais detalhes sobre o dispositivo incomum, a mobilização coincide com o recente escritório judicial em que a extradição do Pavão para o Brasil é administrada gratuitamente.

Adicionados a esta possibilidade estão os rumores de um eventual plano de resgate por grupos criminosos. No caso de um episódio de confronto, sacos de areia também foram colocados para que os uniformes possam se cobrir. Deve-se lembrar que o Grupo Especializado inclui membros do temido Primeiro Comando de Capital (PCC), o traficante de drogas Jarvis Pavão (para ser extraditado em breve), criminosos do PPE e policiais processados.

Defesa

Laura Casuso, advogada de Jarvis Chimenes Pavão, descreveu como injusta a decisão judicial que permitiria a extradição de seu cliente. Além disso, ela disse que agora o governo vira as costas para o traficante de drogas quando ele geralmente pediu sua ajuda como mediador. “Tudo será esclarecido para mostrar que o senhor Pavão não é o diabo que eles querem acreditar”.

Laura Casuso falou com o rádio do Cardeal ABC nesta terça-feira sobre a ação que foi realizada entre a noite passada e no início desta manhã no Grupo Especializado, onde o narcotraficante brasileiro está preso e logo será extraditado para o Brasil. A intenção de sua defesa é cumprir sua sentença no país vizinho e não ser extraditada para o Brasil, onde também tem uma sentença pendente.

A Polícia cercou o Grupo Especializado para evitar um suposto plano de fuga de Pavão. “Se ele quisesse escapar, ele teria fugido há muito tempo. Mas nunca aconteceu que ele desejasse fugir “, disse Casuso nesta terça-feira.

Para a advogada, o Executivo tem muita “raiva” do seu cliente. Ela reiterou que ela tem dados comprometidos que poderiam prejudicar os segredos governamentais em relação aos casos sensíveis no país, como o conhecimento de quem são os “chefões” da fronteira e os operários no norte do país.

“Tudo será esclarecido para mostrar que o senhor Pavão não é o diabo que eles querem acreditar”, disse Casuso. Além disso, ela disse que, em várias ocasiões, o Executivo pediu ao narcotraficante que o ajudasse a mediar em certas questões e hoje ele virou as costas para ele.

“Este é mais um teste para verificar como a justiça é manipulada em tudo relacionado ao meu cliente (…) o que a (alegada) fuga é um circo montado”, concluiu.