Junto e bagunçado: PSOL não se entende, chama João Alfredo de traidor e racha a campanha do nanico

A tranquilidade deixou de reinar no PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) de Mato Grosso do Sul. As declarações do candidato do partido a governador do Estado, João Alfredo, durante a rodada de entrevistas promovida pelo site Campo Grande News, provocaram racha na legenda e, em nota à imprensa, duas correntes dentro da sigla se manifestaram contra as ideias do político, alegam que ele trai princípios do partido e, por isso, vão acionar a direção nacional.

Na entrevista, João Alfredo afirma ser da ala “esquerda racional” do partido e diz não ser a favor de algumas das pautas apresentadas pelo PSOL Nacional. “É a questão do aborto, a questão da descriminalização das drogas. Somos contra a invasão de terras. Somos a favor de regularização fundiária através de desapropriações amigáveis. Nós temos 357 mil quilômetros quadrados no Estado. Temos terra para todo mundo”, garantiu.

No texto enviado pela militância, o Núcleo Anticapitalista do PSOL Campo Grande e o Núcleo Popular do partido em Dourados dizem que “o candidato se colocou expressamente contra bandeiras históricas do PSOL e da esquerda socialista”. Eles repudiam o posicionamento do candidato e afirmam que ele não representa a totalidade do partido. “Por isso, não reconhecemos a legitimidade da candidatura e levaremos às instâncias nacionais do partido as divergências e diferenças do candidato com as pautas do PSOL”, traz a nota, completando que defendem as candidaturas do PSOL ao Senado e às proporcionais nas quais têm representantes em várias cidades.

O coordenador do Núcleo Anticapitalista do Psol na Capital, Henrique Nascimento, diz que o nome de João Alfredo já era reprovado por ele não apoiar a chapa formada por Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, candidatos à Presidência da República e vice, respectivamente. “O representante à Presidência é líder de movimento por direito a moradia, por direito a terra. A vice é representante dos movimentos de retomada dos territórios originais, não usamos o termo invasão. Ele [João Alfredo] está falando da cabeça dele, não representa uma totalidade dentro do Psol. É um absurdo, vamos levar para as instâncias nacionais”, afirma.

Franklin Schamlz, integrante do núcleo de Dourados, também critica a postura do candidato. “Infelizmente não foi possível fazer o processo democrático de escolha. Somos contrários ao nome dele e devemos procurar o Conselho de Ética do partido para fazer uma denúncia formal por ser contra as bandeiras nacionais que o partido defende. Para gente é uma grande contradição”, diz.

Segundo ele, a mesma nota foi encaminhada para a direção nacional do partido. Lucien Rezende, presidente regional do PSOL, afirma que o movimento contra a candidatura de João Alfredo não atrapalha e representa a minoria dentro do partido. “São 10% do partido. Dentro do Psol tem correntes e o candidato não é da corrente deles”, afirma.

O dirigente cita que a campanha está ganhando musculatura e classifica a posição dos grupos como “ciúmes e vaidade”. “Cachorro morto ninguém chuta. Sabíamos desde o congresso do ano passado passado. Ali já declararam que não apoiariam”, afirma sobre a escolha de João Alfredo na convenção do partido.

 

Outro lado

João Alfredo diz que o “movimento contra” não atrapalha a campanha ao governo do Estado. “Temos um posicionamento firme, transparente e concreto. Isso em momento algum não tira nosso apoio da candidatura da majoritária do Boulos e e da Guajajara”, afirma.

“Em todos os lugares tenho dito que temos posicionamento divergente de correntes internas. É uma insurgência da extrema esquerda do PSOL”, classificou.

Não é a primeira vez que ele é contestado dentro do partido. A coluna Jogo Aberto já havia publicado que João Alfredo não é unanimidade na legenda por ter declarado, durante uma reunião, não apoiar Guilherme Boulos. À época, ele disse que esse posicionamento era anterior à filiação do atual candidato da legenda ao PSOL. Fonte: CGnews