Juiz que liberou membro do PCC que comandou assalto a joalheria com 5 mortes pode ser suspenso

O Conselho da Magistratura da Bolívia pediu hoje (18) ao Tribunal Disciplinar de La Paz a suspensão de Fernando Enrique Rivadeneyra Riveros, juiz da 6ª Vara de Instrução Penal, que libertou da Casa de Detenção de Santa Cruz de la Sierra o brasileiro Antonio Adão da Silva Costa, identificado pelo Polícia como líder do grupo criminoso que, no dia 13 de julho, foi neutralizado no assalto à joalheria Eurochronos, onde cinco pessoas morreram e oito ficaram feridas.

O órgão disciplinar solicitou que o juiz em questão fique de fora das investigações do crime e seja punido com demissão em razão das infracções disciplinares. “Vamos pedir a suspensão temporária imediata do juiz, pois, infelizmente, não podemos demiti-lo porque ele é um juiz de carreira”, disse o presidente em Conselho da Magistratura da Bolívia, Juan Orlando Ríos.

Rios acrescentou que ontem não poderia fazer qualquer gestão na sede do Governo devido ao feriado e, por isso, somente hoje entrou com pedido contra o juiz. Ele anunciou também que o juiz Iván Perales está sob investigação por ter sido advogado do brasileiro e ter garantido a sua libertação.

Por sua vez, o presidente do Comitê do Senado sobre Constituição, Milton Barón, informou que enviou uma carta ao presidente do Conselho da Magistratura pedindo a investigação do juiz que libertou o assaltante. “Se o juiz agiu fora da lei deve receber as penas cabíveis porque não poderia ter liberado esse perigoso criminoso”, disse.

Segundo os documentos, o mandamento de liberdade em favor de Da Silva foi emitido em 23 de junho de 2017, quando o secretário do 7º Tribunal de Instrução Criminal atuou no 6º Tribunal.

O brasileiro deixou Chonchocoro em 27 de julho e até mesmo o secretário do 7º Tribunal de Instrução Criminal veio do exterior até Santa Cruz e deixou-o em uma casa na Rua Guillermo Velasco, 275, Bairro Paraíso, a casa de seu casal, Sandra Guzman Vaca, agora detido.

Mortes

Os três bandidos mortos pela Polícia no tiroteio no dia 12 de julho foram identificados como Antonio Adão da Silva, que tinha sido detido por três anos e dois meses por tentativa de homicídio, Ronny Masalbi Suarez, vulgo “Macaco”, que tinha passagem na Polícia por roubo agravado e recebeu uma sentença de cinco anos e iria sair este ano com liberdade condicional, benefício contido no nosso procedimento criminal, e Camilo Maldonado Pinto, um morador de Corumbá (MS) e que foi até Santa Cruz para participar do assalto à joalheria Eurochronos.

De acordo com Isabel Frettis Nelida Maldonado, seu filho não tinha passagem pela Polícia no Brasil ou Bolívia. A mulher foi apresentada ontem ao Ministério Público para reivindicar o corpo de Camilo e, na sua declaração formal, negou que seu filho estava ligado ao PCC, embora tenha admitido que a partir de 2016 começou a frequentar Puerto Suarez, na fronteira com Corumbá, e ela não tinha visto desde maio deste ano.

“Ele morava em Campo Grande, onde trabalhava com máquinas pesadas. Ele entrou em contato com uma família de Santa Cruz no telefone. Eu não sabia o que eles conversaram, mas nunca foi do PCC. Eu quero que isso seja esclarecido”, disse Isabel Maldonado.

Os dois especialistas em criminologia do Instituto de Identificação Forense que vieram de Cochabamba já retornaram para fazer os exames de balística e estudos planimétricas. Eles vão fazer uma reconstrutiva e estudo comparativo com as armas. Também vão analisar amostras biológicas e farão uma análise das imagens das câmeras de segurança da empresa. De um prazo de 15 dias úteis para apresentar os resultados, mas pode ser estendido se eles necessitam de mais tempo.