Juiz pede a manutenção das prisões de Jamil Name e do filho apontados como chefes de uma milícia

Depois de completar uma semana atrás das grades, parece que deve continuar bom um bom tempo o calvário dos empresários Jamil Name e do seu filho, Jamil Name Filho, apontados como os donos do “jogo do bicho” em Mato Grosso do Sul e chefes de uma quadrilha de milícia criada para ser o braço armado da organização no Estado.

O juiz Marcelo Ivo de Oliveira, titular da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, pediu à 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) que sejam mantidas as prisões de pai e filho, que foram detidos no âmbito da Operação Omertà.

Na decisão, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira cita mensagens em que Jamil Name Filho anuncia a “maior matança da história de Mato Grosso do Sul”, atingindo “de picolezeiro ao governador”. O magistrado defendeu também a detenção do advogado Alexandre Franzoloso, que teve um mandado de prisão revogado.

Cabe ao juiz substituto Waldir Marques, da 2ª Câmara Criminal, deliberar sobre as ponderações do magistrado de 1º grau. O advogado de Name e Name Filho, Renê Siufi, disse que não iria comentar por não estar ciente da decisão.

Nesta sexta-feira (4), a Corregedoria da Polícia Civil solicitou ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), órgão de investigação ligado ao Ministério Público do Estado (MPE), compartilhamento de provas da operação para o processo administrativo de quatro policiais civis presos na operação.

A Operação Omertà foi deflagrada em 27 de setembro pelo Gaeco e pela Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), e prendeu os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, além de outras 18 pessoas, entre funcionários da família, policiais civis e guardas municipais.

Só não foram presos na ação policial o ex-guarda municipal guarda municipal José Moreira Freires e o auxiliar Juanil Miranda Lima – apontados como os executores dos assassinatos investigados pela força-tarefa e foragidos desde abril, quando as investigações começaram a avançar –, além do advogado Alexandre Fransolozo, cujo mandado de prisão temporária (suspenso pelo Tribunal de Justiça) nem chegou a ser cumprido.

Os três policiais civis da ativa foram afastados em 2 de outubro, tendo a arma recolhida, bem como a carteira funcional e demais pertences do patrimônio público destinado aos policiais, além da suspensão de senhas e login de acesso aos bancos de dados da instituição policial, suspensão de férias e de avaliação para fins de promoção. Quatro guardas municipais foram suspensos e também tiveram os armamentos confiscados.

Os assassinatos de pelo menos três pessoas estão relacionados com o grupo de extermínio sob investigação: do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho do ano passado; do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante de Direito Matheus Xavier, em abril deste ano.

Para dar o nome à operação, os policiais utilizaram um termo do dialeto napolitano, do idioma italiano. Omertá, conforme o Gaeco, é um termo que se fundamenta em um forte sentido de família e em um silêncio que impede a cooperação com autoridades policiais ou judiciárias. Trata-se de um código de honra muito usado nas máfias do sul da Itália.