Homem forte de Puccinelli pode ter que pagar mais de R$ 92 milhões por enriquecimento ilícito

O inferno astral do ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal, Edson Giroto, continua e sem previsão de acabar tão cedo. Agora, ele virou réu em ação por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa, somando um total de seis ações penais contra o ex-homem forte do pré-candidato a governador André Puccinelli.

O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, aceitou a denúncia contra Giroto por não ter conseguido provar a origem de R$ 6,5 milhões investidos na mansão, compra de fazendas e avião.

Ele é acusado pela Polícia Federal de chefiar organização criminosa e ser um dos principais alvos da Operação Lama Asfáltica. Em março deste ano, o magistrado já tinha bloqueado R$ 6,594 milhões do ex-secretário por suspeita de enriquecimento ilícito. A indisponibilidade tem o objetivo de garantir o ressarcimento integral do suposto dano causado aos cofres públicos.

Conforme a denúncia do promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira, da 30ª Promotoria do Patrimônio Público, o ex-secretário teve movimentação atípica e aquém dos seus rendimentos como secretário de Estado e deputado federal. Só na construção da mansão cinematográfica no Residencial Dhama I, na Capital, que ocupou três lotes, ele ocultou R$ 2,8 milhões.

A Operação Lama Asfáltica constatou que o ex-deputado gastou R$ 4,219 milhões na residência, mas só declarou o desembolso de R$ 1,419 milhão, exatamente o valor financiado pela Caixa Econômica Federal. Ele teria comprado duas fazendas em parceria com outros dois acusados de integrar o suposto esquema criminoso, o ex-coordenador de Suporte da Agesul, João Afif Jorge, e o ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano.

A medida Mariane Mariano de Oliveira Dornellas e a dona de casa Maria Helena Miranda de Oliveria, respectivamente, filha e esposa de Beto Mariano, seriam laranjas do grupo na compra das propriedades. Giroto teria ocultado R$ 1,461 milhão na compra da Fazenda Maravilha (um terço do valor total da propriedade) e R$ 432,5 mil na Vista Alegre (também como sócio).

Outros R$ 1,9 milhão teriam sido ocultados na venda de um avião para o produtor rural João André Lopes Guerreiro. Apesar da aeronave estar no nome da ASE Participações e Investimentos, do empresário João Amorim e da ex-secretária Elza Cristina Araújo dos Santos Amaral, Giroto foi o responsável pela venda, desde a apresentação da aeronave até a concretização da venda.

Para o promotor, não há dúvidas de que os bens foram adquiridos por meio de corrupção e pagamento de propina. Ele pede a perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos pelo período de oito a 10 anos, ressarcimento integral dos R$ 6,594 milhões, pagamento de multa civil de R$ 19,7 milhões e indenização ao Estado no valor de R$ 65,9 milhões.