Gatunagem: CEF quer explicação sobre Natal Premiado da Faems também bancada pelo Governo

Após denúncia do Blog, Caixa quer explicações sobre Promoção Natal Premiado da Faems

Após o Blog do Nélio publicar denúncia sobre possíveis irregularidades na campanha “Natal Premiado”, realizada no ano passado pela Faems (Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul), a Caixa Econômica Federal anunciou que vai pedir explicações ao empresário Alfredo Zamlutti Júnior, que comanda a entidade representativa do setor comercial.

Segundo apurações do Blog do Nélio, a promoção, que teve como participantes as associações comerciais de grande parte das cidades do Estado, consistia em que o cliente ganhasse, a cada R$ 50,00 em compras nas lojas participantes, um cupom, no formato de rasgadinha, para participar dos sorteios realizados em 11 de janeiro deste ano.

O problema é que no lançamento da campanha por todo o Estado, feito a partir de julho de 2016, anunciava-se, até mesmo pelo site da entidade, 820 prêmios, que totalizariam mais de R$ 1 milhão. Até mesmo folhetos da campanha chegaram a ser distribuídos divulgando o valor milionário.

No dia 3 de agosto do ano passado, no mesmo site, reafirmava-se a mesma quantidade de prêmios e definia-se que o prazo de adesão iria até 15 de agosto. Porém, no dia 16 de agosto, ou seja, um dia após encerrado o prazo anunciado como sendo de adesão, o número de prêmios diminuiu, vertiginosamente, para 490, ou seja, caindo quase pela metade.

Incrivelmente, mesmo com a redução considerável, o valor total continuou sendo de “mais de R$ 1 milhão em prêmios”, contradizendo o próprio regulamento, que informava que o valor total chegava a um total de R$ 912.500,00.

Causa estranhamento o fato das intensas divulgações da campanha e seus prêmios ocorrerem (inclusive de forma ilegal) meses antes do regulamento (de 12/09/2016) e da autorização legal para a promoção.

Agora, o Blog do Nélio lhe pergunta: onde foram parar os R$ 87.500,00 em prêmios entregues a menos que o valor total anunciado?

Com essa diferença, por exemplo, poderiam ser sorteados mais dois carros e 14 barras de outro, ou até mesmo mais 350 vales-compras de R$ 250,00 cada, ou seja, assim teria sido cumprido o prometido em termos de número de prêmios e valor total de premiação.

Onde foram parar os 330 prêmios que faltaram entre o anunciado e o entregue?

É certo que, se não houve irregularidade em relação ao regulamento, houve ilegalidade na divulgação dos prêmios inexistentes, em período anterior à autorização, e isso vai completamente contra as regras de premiação estabelecidas pela legislação do assunto, cabendo inclusive à Caixa Econômica Federal, caso haja denúncia, punição à promotora da campanha, que pode ser proibição de realizar distribuição gratuita de prêmios pelo prazo de até dois anos e ainda multa de até cem por cento do valor total dos prêmios.

Existe ainda a nítida promessa enganosa de “mais de R$ 1 milhão em prêmios”, quando no próprio regulamento esse valor ficou abaixo. Além disso, ao final da campanha, além dos nítidos problemas, ficou evidente que a ação naufragou em promessas vazias.

FRACASSO

Afinal de contas, foram produzidos 14 milhões de cupons para a campanha, mas somente 931.298 concorreram, isto é, 6,65% do total previsto no regulamento.

Além disso, a expectativa era de que a campanha iria incrementar em mais de R$ 300 milhões as vendas e a arrecadação de impostos, mas, multiplicando-se R$ 50,00 (valor para o consumidor ganhar cada cupom) pelo número de cupons que concorreram, a campanha envolveu apenas R$ 46.564.900 em vendas, ou seja, pouco mais de 15% do que foi divulgado como objetivo.

08-07 – Detalhes da CampanhaAs cifras milionárias divulgadas pela Faems foram o grande motivador do apoio do Governo do Estado à campanha. Porém, certo é que, em um calculo rápido, entre os valores arrecadados com as empresas participantes e o custo da premiação, a entidade deve ter ficado com prejuízo superior a R$ 500 mil.

Fora os demais custos de legalização e divulgação envolvidos. Depois dessa vai ser difícil conquistar apoiadores para uma nova campanha. Por falar nisso, a campanha fracassada da Faems contou ainda com importantes apoios para ajudar a se viabilizar.

A campanha publicitária foi toda desenvolvida e veiculada pela agência Compet, do filho do deputado estadual Paulo Corrêa (PR), que está sendo investigado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por fraudar a folha de ponto dos seus funcionários na Assembleia Legislativa e também por manter e empregar servidores fantasmas na Casa de Leis.

Além disso, contou com grande verba e patrocínio do Governo do Estado, bem como patrocínio do Sebrae/MS, entidade onde, coincidentemente, o presidente da Faems é conselheiro titular. Certamente agora, diante do prejuízo, esses apoiadores voltarão a serem procurados para serem bonzinhos e colaborarem mais uma vez.

CELEBRAÇÃO

Apesar de tudo isso, o presidente Alfredo Zamlutti teve a cara de pau de publicar, no site da Faems, uma editorial, intitulado “Palavra do Presidente”, em que reforça que a entidade começou o ano trabalhando a todo vapor e já com boas notícias.

Ele refere-se ao anúncio dos vencedores da malfadada campanha “Natal Premiado”. “No total, conseguimos mobilizar 97.169 consumidores, que movimentaram o comércio local das cidades que aderiram ao nosso projeto. Foram registradas 931.298 rasgadinhas. E os prêmios foram distribuídos aos 490 sorteados”, comemorou Alfredo Zamlutti.

O empresário ainda classifica de a campanha como um “sucesso”, que somente foi obtido por meio do apoio de todos os envolvidos.

É para acabar mesmo!