Gaeco não quer esperar AL e volta a pedir a Justiça que deputado use tornozeleira eletrônica

Como a Assembleia Legislativa só retoma as atividades no próximo mês, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) reforçou à Justiça que o deputado estadual Jamilson Name (sem partido) coloque de imediato a tornozeleira eletrônica. Ele é acusado de ser um dos líderes da organização criminosa responsável por várias execuções em Campo Grande (MS) e que era comandada pelo pai Jamil Name e pelo irmão Jamil Name Filho, ambos presos desde o dia 27 de setembro de 2019.

O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, negou pedido de prisão preventiva do parlamentar, mas ordenou o monitoramento eletrônico, porém, o magistrado condicionou a colocação da tornozeleira após decisão da Assembleia Legislativa, que deverá arcar com o ônus de livrar ou não Jamilson Name da medida cautelar.

Na petição assinada pelos promotores de Justiça Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Gerson Eduardo Araújo, o Gaeco argumentou que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) não atinge o monitoramento eletrônico e que o aval do legislativo é necessário apenas em situações em que a medida impede o exercício da atividade parlamentar.

“Nada obstante, a aplicação de medidas cautelares aos parlamentares por parte do Poder Judiciário não está condicionada à prévia autorização da Assembleia Legislativa, que poderá, caso assim entenda, pelo voto da maioria de seus membros, em votação aberta, sustar aquelas que, de alguma maneira, embarecem o exercício do mandato parlamentar”, apontaram os promotores de Justiça.

“O uso de tornozeleira eletrônica obviamente não é uma delas, pois nem mesmo reflexamente dificulta ou impede o exercício do mandato de Deputado Estadual. Tanto que recentemente, em caso de bastante repercussão na mídia, foi aplicada a cautelar de monitoração eletrônica à Deputada Federal Flordelis dos Santos de Souza, que continuou a exercer a sua vida política e parlamentar”, pontuaram.

“O mesmo ocorrendo com as cautelares de: a) não mudar de residência; b) proibição de contato com acusados e testemunhas da Operação Omertà; c) entrega de passaporte; d) não se ausentar da comarca e do país”, destacaram. Para os promotores, nenhuma das medidas impedirá Jamilson de continuar atuando como deputado estadual.

“Enfim, vê-se que a Assembleia Legislativa, neste caso específico, deverá se restringir a debater sobre o ‘recolhimento domiciliar noturno’, já que alguns atos parlamentares podem se desenvolver no período noturno. Mesmo assim, a referida medida cautelar deve ser implementada de imediato, podendo a Assembleia Legislativa, dentro de suas atribuições constitucionais, sustar a decisão neste ponto, cessando-a”, pediram.

Caso o juiz acate o pedido do Gaeco, a situação de Jamilson Name ficará ainda mais complicada, porque joga os deputados estaduais no escândalo da Operação Omertà. Conforme o MPE, a investigação desvendou a maior e mais estruturada organização criminosa na história de Mato Grosso do Sul.

Os deputados não gostariam de votar contra um colega de plenário. Por outro lado, temem o desgaste com a opinião pública em se manifestar a favor de um dos três acusados de chefiar a organização criminosa, que é ré por corrupção, obstrução de investigação e homicídios.

O advogado Gustavo Passarelli pediu a suspensão de parte das medidas cautelares, como a proibição de manter contato com réus e testemunhas arroladas na Omertà. Ele alegou que são mais de 100 pessoas e o deputado corre risco de encontrá-las no cumprimento do mandato. Ele também destacou que Jamilson provará a inocência no decorrer do processo. Com infos O Jacaré

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