Foragido há dois meses, doleiro brasileiro quer negociar acordo para não ser preso

Horácio Cartes, presidente do Paraguai e Dario Messer

Foragido há quase dois meses e com ordens de prisão no Brasil e no Paraguai, o doleiro brasileiro Dario Messer se diz disposto a colaborar com a Justiça, mas quer negociar condições para que possa se entregar. Sobretudo, espera ter a possibilidade de responder aos processos em liberdade, conforme informaram os seus advogados nos dois países. Procurado pela Interpol desde maio, quando a Polícia Federal do Rio de Janeiro deflagrou a “Operação Câmbio, Desligo”, seu paradeiro é desconhecido. Em junho, Messer virou réu sob acusação de atuar em uma organização criminosa que promovia lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Antes, já havia sido citado em casos como Banestado e mensalão.

As suspeitas da Câmbio, Desligo fizeram o Ministério Público do Paraguai, onde Messer vivia, também abrir investigações e obter na Justiça o bloqueio de contas do doleiro e de suas empresas — abertas, segundo as investigações, com dinheiro ilícito. Caso Messer se apresente à Justiça do Paraguai, terá de responder a eventual acusação no país resultante dessas investigações, o que poderia demorar anos. Depois, seria extraditado ao Brasil para prestar contas novamente à Justiça. No entanto poderia acordar com os procuradores de Assunção uma extradição rápida, que provocaria a paralisação do processo paraguaio.

Essa possibilidade de extradição célere tem sido usada pela sua defesa como carta na manga para apresentar aos procuradores em troca de condições favoráveis. “Dario está aberto e quer falar tudo o que sabe, mas não quer ter a faca no pescoço”, diz José Marcondes de Moura, advogado brasileiro de Messer. Ele também defendeu o traficante Jarvis Chimenes Pavão, que ficou preso quase oito anos no Paraguai antes de ser extraditado ao Brasil, onde cumpre nova pena. Moura afirma que irá pedir habeas corpus a instâncias superiores da Justiça brasileira. Ele contesta pontos da denúncia do Ministério Público Federal contra Messer, principalmente a listagem de uma ex-secretária como testemunha de acusação, por ela já ter sido denunciada por promotores acusada de estelionato.

A Câmbio, Desligo foi baseada em delação dos doleiros Vinícius Claret e Claudio Barboza, conhecidos como Juca Bala e Tony. Eles apontaram Messer como “doleiro de doleiros”, responsável por estruturar uma rede de pagamentos ilegais para outros cambistas. Chegaram a ser feitas buscas na cidade de Hernandarias, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), onde Messer tinha residência, mas ele não foi encontrado. Após ser considerado foragido também no Paraguai e ter seus bens bloqueados, os advogados Leticia Bobeda e Rodrigo Galeano assumiram a defesa de Messer no país. A dupla critica a celeridade com que foi aberta a investigação contra Messer, que no país geralmente é precedida de uma pré-apuração, e o fato de não ter acesso a cópias do inquérito. Mas acrescenta que Messer estaria disposto a se apresentar e aponta possibilidades de abrir uma frente com o Brasil.