Extermínio na terra sem lei: quatro brasileiros são executados em menos de 48 horas na fronteira

As últimas 48 horas na região de Capitán Bado, cidade paraguaia que faz fronteira com Coronel Sapucaia (MS), foram marcadas pela violência desenfreada contra brasileiros na região. Na madrugada de quinta-feira (11), foram executados a tiros os brasileiros Júlio César Ovelar, 39 anos, mais conhecido como “Yoni”, Carlos Augusto Lopes Soares, 29 anos, e Martin Estevão da Silva Santos, 22 anos, enquanto na sexta-feira (12) foi morta a brasileira Andreia Ramírez Vasconcelos, 25 anos.

Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, os três brasileiros executados tinham envolvimento com o tráfico de maconha na região de fronteira e foram mortos durante o ataque de um grupo armado. O triplo homicídio foi relatado às 5h30 de quinta-feira (11) e ocorreu um estabelecimento rural na Colônia Cristino Potrero, a 15 quilômetros de Capitán Bado, sendo que até os cachorros foram mortos.

A fazenda foi cercada e atacada por pelo menos uma dúzia de bandidos, armados com espingardas e pistolas, sendo que eles chegaram em uma caminhonete preta S10. O traficante Júlio César Ovelar, o “Yoni”, era o proprietário do estabelecimento e há quatro anos tinha sido preso pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) no mesmo lugar por plantio e empacotamento de maconha.

Os outros dois mortos, Carlos Augusto Lopes Soares e Martin Estevão da Silva Santos, eram os capangas de “Yoni”, sendo que Martin era um soldado da facção criminosa brasileira Comando Vermelho (CV) e estava sendo procurado pelo assassinato de dois policiais militares na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Três horas após o triplo homicídio a caminhonete usada pelos pistoleiros foi encontrada incendiada na beira de um córrego, em Curupay, a cinco quilômetros de Colônia Cristino Potrero, que é controlada pelo narcotraficante Felipe “Barón” Escurra, que tinha sido capturado em 2016, libertado em 2017 e agora é novamente procurado pela Polícia do Paraguai.

Na verdade, “Yoni” e “Barón” foram concorrentes ferozes no tráfico de maconha para o mercado brasileiro e, por isso, é possível que Escurra tenha ordenado o triplo homicídio. Outra versão forte que surgiu é que “Yoni” teria mandado matar, no dia 26 de agosto deste ano, Cristian Ariel Godoy Lezcano, 24 anos, que é sobrinho do também traficante Clemêncio “Gringo” González, que se encontra foragido e ordenou a tripla execução para vingar a morte do sobrinho.

A mulher

Já a brasileira Andreia Ramírez Vasconcelos, 25 anos, foi encontrada morta ontem (12), com várias feridas de tiros calibre 9 mm ao lado da Rota 11 “Juana María de Lara”, na zona de Mariscal López, em Capitán Bado. A mulher teria saído de casa na noite de quinta-feira (11) com “um amigo”, sendo que ela era mãe de uma criança de 6 anos de idade, fruto do casamento com um preso no Brasil.

Ele estava ameaçando mandar mandá-la porque descobriu que a esposa costumava sair para festejar com as amigas. De acordo com os investigadores, o corpo foi encontrado em uma área isolada da região e a mulher tinha um capacete na cabeça, mas nenhuma motocicleta foi encontrada no local. Por isso, a Polícia presume que Andreia poderia ter sido trazida ate o local e executada a tiros de pistola do calibre 9 mm.

Os investigadores da Divisão de Homicídios e agentes da Policia Técnica realizaram os procedimentos de rigor com o apoio do promotor de Justiça Hernan Mendoza, que ordenou que o corpo da vítima fosse enviado ao IML, onde foi entregue aos familiares. Eles informaram que a mulher teria saído na noite de quinta-feira, por volta das 23 horas, em companhia de um amigo cuja identidade não era conhecida.

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