“Eu sou seu pastor e nada me faltará”: Federal investiga desvio de recursos do Banco do Cidadão

A Polícia Federal, em apoio à Promotoria do Patrimônio Público de Campo Grande comandada pelo promotor Marcos Alex, cumpriu, nesta sexta-feira (28), quatro mandados de busca e apreensão e um mandado de sequestro de veículo relacionados à investigação sobre desvio de recursos públicos repassados à Instituição de Microcrédito Credquali, antigo “Banco do Cidadão”, ligada à Fundação de Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab), na gestão do candidato a deputado federal pelo PRB e pastor evangélico, Wilton Acosta, ex-presidente da Funtrab.

Na casa dele, localizada no condomínio Residencial do Parque, em frente à sede do Ministério Público Estadual, no Parque dos Poderes, três policiais chegaram por volta das 7 horas em uma viatura e, cerca de uma hora depois, foram embora levando uma pasta.

A Funtrab era comandada por Wilton e por membros da sua igreja.

O advogado Luiz Carlos Bueno acompanhou o cumprimento das ordens judiciais com Wilton e alegou que nenhum documento foi apreendido na residência. “Não localizaram documentos referentes à operação. Nenhum veículo foi apreendido no local”, disse.

De acordo com as investigações, entre o segundo semestre de 2016 e primeiro semestre de 2017, recursos da entidade teriam sido utilizados indevidamente para a aquisição de bens privados e pagamentos de despesas particulares de ex-dirigentes e membros do Conselho Deliberativo, alvos das buscas na data de hoje.

O advogado reforçou que Acosta já havia prestado esclarecimentos sobre os fatos e está à disposição da justiça. Além disso, não tinha participação nas decisões administrativas da Credquali.

“Ele era diretor da Funtrab, sim, é fato. Mas não jamais ocupou qualquer cargo de gestão na instituição investigada [Crediqualli]. Quem deve prestar esclarecimentos agora é o diretor da instituição, pois Wilton não exercia cargo lá”, pontuou Bueno, reforçando que espera ter acesso aos autos para definir quais serão os próximos passos da defesa.

O banco funcionaria na Funtrab, localizada na rua 13 de Maio. Lá, após muito informação desencontrada, a reportagem encontrou uma mesa e uma funcionária. Outra informação repassada era de que o banco estava na rua 15 de Novembro, na sede da MIQ Cred Quali, que mantém uma estranha simetria com o serviço de microcrédito até então ofertado pelo banco público.

A direção informou que a Cred Quali é uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público), mas sem relação com o Banco Cidadão. Já o coordenador do banco em agosto disse ao Campo Grande News que Credi Quali era parceira no projeto e poderia informar a movimentação financeira e o total da inadimplência. Inclusive, indicou o endereço na 15 de Novembro.

Após a demissão de familiares e apadrinhados de Acosta, a Funtrab trocou o comando, que informou que faria auditoria. A linha de crédito, quando funcionava, ofertava empréstimos de R$ 1 mil a R$ 10 mil.

A Funtrab era comandada por Wilton e por membros da sua igreja.