Estruturas do poder mudam de mãos na fronteira com o Paraguai

 A estrutura do tráfico de drogas e armas em Pedro Juan Caballero, na região da fronteira seca entre o Paraguai e o Brasil, agora tem novos patrões, segundo reportagem do jornal paraguaio ABC Color.

O periódico publicou reportagem afirmando que Jarvis Ximenes Pavão, que teria sido a pessoa que ordenou o assassinato do ex-chefão Jorge Rafaat Toumani, cometido dia 15 de junho passado.

Com o assassinato de Rafaat, um brasileiro de apenas 32 anos teria elevado momentaneamente ao novo chefe regional do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Pedro Juan Caballero, conhecido como Gallant ou Gala, ele usa três identidades: Oliver Giovanni da Silva, Elton da Silva Ronaldo e Leonel Rodrigo Benites.

 Gala é um aliado do Pavão, que está cumprindo uma sentença por tráfico de drogas na Tacumbú, e de onde se ordenou o assassinato de Toumani Rafaat. Para perpetrar o crime, ironicamente, Pavão seguiu o exemplo de Rafaat e estabeleceu uma aliança, mas desta vez os seus aliados foram facções de grupos criminosos poderosos no Brasil: Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), esta última fundada por Fernandinho Beira Mara.

 Ele também se juntou a um irmão do falecido Tulu, conhecido como “Tata”, e juntos eles planejaram o ataque que custou US$ 1 milhão, uma quantia irrisória para o crime organizado, tendo em conta a enorme quantidade de lucro gerado esta fronteira como tráfico de drogas e armas.

 Com a sua aliança com as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), Pavão tem agora nessas duas organizações criminosas um braço armado para suportar o negócio de armas, cocaína e maconha em Amambay.

 Rafaat Toumani, nos últimos anos, monopolizou tudo esses negócios e manteve uma luta frontal contra PCC e do CV para o controle do negócio que rendeu um lucro de US$ 3 milhões por mês.

 O assassinato de Rafaat Toumani não só permitiu a mudança de governante na área da fronteira seca entre Paraguai e Brasil, que a área de um em que a violência é a lei, mas também um golpe para o regime de Luis Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca e que se tornou o traficante de droga mais poderoso da região.

 O crime deixa Cabeça Branca como um dos grandes perdedores, bem como seus vários aliados, entre os quais até mesmo políticos. Um deles é Carlos Ruben Sanchez Garcete, mais conhecido como “Pea” e ligado ao grupo Da Rocha, condenado por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas no Brasil e que no Paraguai se tornou um dos líderes do Partido Colorado em Amambay.

 Ele viu frustradas suas intenções de ser prefeito de Capitan Bado, outra cidade importante na estrada da droga, quando foi preso maio de 2015, e por enfrentar atualmente os seus irmãos Ardonio e Denilso.

 Outro ligado ao grupo Da Rocha é Petty Officer Ronaldo Aguedo Lezcano, que foi preso em 2014, enquanto transportava uma carga de cocaína líquida. Ele é o irmão do vice do departamento de Amambay, Marcial Lezcano.

 Relativa calma

 A vida em Pedro Juan Caballero voltou ao normal, sujeito a tensa espera de um pouco de sangue. De acordo com uma fonte do submundo, ainda não começou o “limpa” ou “mudança de sangue”, como eles chamam os chefões do tráfico, quando eles ocupam um lugar de outro e começam os assassinatos daqueles que eram colaboradores, pistoleiros e contatos.

 Existem entre 15 a 20 pessoas que seriam executadas na fronteira seca, entretanto, por causa da atenção que gerou o assassinato de Rafaat, novos chefes decidiu esperar para realizar a “limpeza”, sendo que os assassinatos serão no lado brasileiro.

 A nova organização está preparando a estrutura através da qual ela vai trabalhar de forma coordenada. Tanto o PCC, quanto o CV já têm vasta experiência neste tipo de trabalho no Brasil, onde há anos coordenam embarques de drogas e de armas.

 O que resta à família de Rafaat

 Parentes de Rafaat Toumani já deixaram a área de Amambay e agora é possível que os novos padrões do crime organizado assumam suas propriedades, negócios, animais e outros.

 A verdade é que os novos chefes não permitirão que a família da Rafaat continue mandando na fronteira e devem ser mortos seus ex-pistoleiros, contatos econômicos e pessoas próximas ao narcotraficante.

 A Polícia da região informou que o Ministério do Interior enviou mais homens para aumentar a segurança depois do crime, mas eles já deixaram a área novamente.  Assim é a vida em Pedro Juan Caballero, depois Rafaat.