Enraizando! PCC compra propriedades no Paraguai para expandir rede de tráfico de drogas e armas

A facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) está utilizando o Paraguai para lavar dinheiro e para expandir sua rede de tráfico de drogas e armas, segundo revelou o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo e que foi designado para combater as ações do grupo, durante entrevista ao jornal espanhol El País.

“Até bem pouco tempo, o PCC guardava ou enterrava o dinheiro obtivo com ações criminosas e o resultado era que grupos rivais roubavam esse dinheiro ou a Polícia conseguia apreender. Quando a facção ingressou no tráfico internacional de drogas, começou a receber o dinheiro na Europa e, primeiro, transportavam de avião e de navio, mas, o volume de cédulas se fez impossível de ser transportado”, declarou Lincoln Gakiya.

Agora, completa o promotor de Justiça, esse dinheiro não transita mais de maneira física, mas através de sistemas de lavagem de dinheiro por meio de doleiros que atuam no Peru, Paraguai, Colômbia e Bolívia, que são países produtores de drogas.

“Sabemos que o PCC tem comprado propriedades de produção de maconha no Paraguai e de produção de cocaína na Bolívia. Não sabemos se está sendo lavado todo o dinheiro nessas aquisições de propriedades rurais nos dois países, mas sabemos que esse dinheiro não regressou ao Brasil”, afirmou Lincoln Gakiya.

Ele destaca que é sabido que o PCC tem presença em todos os países da América do Sul que fazem fronteira com o Brasil. “Temos informações que eles têm até alguns membros nos Estados Unidos, em Portugal e na Espanha, incluindo presos, normalmente brasileiros, que caíram em alguma operação de transporte de drogas para essas nações”, detalhou.

O promotor de Justiça de São Paulo revela que na Holanda e na Inglaterra estariam morando os filhos de líderes do PCC. “O sobrinho de Marcola – Marcos Willians Herbas Camacho, líder da facção criminosa e que está preso no Brasil – vive em Londres. Marcola tem uma filha morando na Austrália, onde estuda Engenharia, se não me engano”, disse.

Ao ser consultado se os filhos dos líderes do PCC fazem parte da organização criminosa, Lincoln Gakiya respondeu que tem notícias de que alguns têm negócios ilícitos. “Eles sobrevivem com os filhos de Escobar (Pablo, traficante colombiano morto pela Polícia), ou seja, com o dinheiro que os pais acumularam graças ao crime”, destacou.

Ele revela ainda que o irmão de Marcola tem uma filha morando em Milão, cidade considerada a capital da moda na Itália. “Na Europa, eles ainda são incipientes, têm poucos membros. Porém, nos países da América do Sul que fazem fronteira com o Brasil já são numerosos. Basta verificar a fuga da Penitenciária de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS)”, citou, completando que do local fugiram 75 presos no dia 9 de janeiro deste ano.

Lincoln Gakiya garante que essa fuga em massa foi organizada e bancada pelo PCC. “É uma preocupação muito grande das autoridades brasileiras com o número considerável de paraguaios ‘batizados’ como soldados da facção criminosa”, alertou.