Enquanto Marquito sucateia saúde da Capital, rede particular avança, cobra caro e põe usuários no bolso

Há 8 meses o prefeito Marquito Trad assumia a Prefeitura de Campo Grande com a promessa de oferecer uma saúde digna de primeiro mundo à população, com médicos felizes, pacientes sorridentes e atendimento municiado com equipamentos de última geração.

Porém, a realidade é bem outra com a saúde pública vivendo um verdadeiro caos, enquanto a Unimed Campo Grande e a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) investem pesado em mídia para divulgar os dois hospitais construídos pelas duas instituições e que consumiram as módicas quantias de R$ 138 milhões e R$ 84 milhões, respectivamente.

Na prática, a história é que as duas redes privadas estão aproveitando a ineficácia da gestão pública com a saúde para tentar faturar em cima, atraindo os poucos cidadãos que ainda têm condições de pagar pelo atendimento médico particular. Atualmente, depois da greve dos médicos, a questão da saúde pública só piora dia após dia e uma prova disso é o caos nos postos de saúde e, principalmente, no CEM – Centro de Especialidades Médicas.

Basta ir até o local para constatar como a população que precisa da saúde pública na Capital é tratada. Não se respeita nada, com pessoas idosas e crianças esperando em pé e horas para serem atendidas sem a devida prioridade. Pacientes aguardando atendimento em pé no corredor mesmo usando muletas e com pés e braços engessados.

Porém, o caos não é exclusividade somente do CEM, pois os postos de saúde passam pelos mesmos problemas, quiçá piores, dependendo do horário e do dia da semana em que o cidadão precisar se utilizar do serviço.

Outro lado da moeda

Bem longe da realidade vivida pela maioria da população, o Hospital da Unimed Campo Grande, que recebeu investimento de R$ 138 milhões, conta com dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ativos, capacidade total de até 202 leitos, nove pavimentos, dez salas cirúrgicas e área de 23 mil m², que inclui até um heliponto de 324 m².

De acordo com a Unimed, são 10 leitos de UTI adulto ativos e, conforme o plano de ocupação, que se estende até 2018, vai totalizar 30. Com mais 10 para adultos e dez unidades para crianças. A sala de cirurgia tem área de 40 m² e várias réguas de gases medicinais nas paredes, para facilitar a locomoção da maca se for preciso que novos equipamentos sejam utilizados durante o procedimento cirúrgico.

Na UTI, além de equipamentos de suporte à vida, a arquitetura preservou a entrada de luz natural, para que a passagem do dia possa ser percebida, uma medida que “humaniza” o espaço. De acordo com a Unimed, a expectativa é que o hospital abra 1.500 vagas de empregos, sendo 500 diretos e 1 mil indiretos.

Já o novo Hospital da Cassems pode atender até mil pessoas por dia nos 14 mil m² do prédio, que tem 300 funcionários, 111 leitos, 10 salas cirúrgicas, 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para adultos e 9 para neonatal. O pronto-socorro infantil tem dois pediatras plantonistas 24h, com uma capacidade de cerca de 3 mil crianças ao mês.

O hospital está todo pronto e equipado, como planejado, mas a abertura será gradual. A partir do dia 10, começam a funcionar pronto-socorro 24 horas para os adultos, centro de diagnósticos, cirurgias, oncologia, internações e UTI adulta, o equivalente a 80% da capacidade da instituição.

Além dos 85 mil associados à Cassems da Capital, o hospital atende também outros convênios e particulares. A própria estrutura física é inédita: trata-se do primeiro prédio vertical construído com estrutura metálica. A climatização é feita com água gelada, o aquecimento da água para o banho vem em parte do sol e todas as lâmpadas do hospital são de LED.

No total, o novo Hospital da Cassems recebeu R$ 84 milhões de investimento para sair do papel em dois anos de construção, sendo 39 deles provenientes do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste) e 45 milhões da própria empresa. Ao mês, o custo para mantê-lo será de R$ 1,7 milhão.