Enquanto CPI trabalha pela cassação de alvarás da “máfia do táxi”, Prefeitura recebe 236 propostas por novas permissões

Enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara de Vereadores de Campo Grande para investigar as permissões de exploração do serviço de táxi e mototáxi no município trabalha para a cassação de pelo menos 400 alvarás que apresentaram algum tipo de incoerências nos registros, ou seja, estão nas mãos da “Máfia do Táxi”, a Prefeitura vai no caminho inverso e abre concorrência pública para 217 novas permissões para motoristas de táxi.

Segundo a administração municipal, na entrega de documentação para concorrência pública nº 008/2017, das 217 vagas para motoristas de táxis permissionados, 236 pessoas compareceram no Instituto Mirim de Campo Grande (IMCG), local onde foi instalada a comissão de licitação. Nesta segunda-feira (16), a comissão de licitação, conforme prevê o edital, recebeu os envelopes, com a documentação dos taxistas que pretendem ter uma vaga de permissionado e, na próxima segunda-feira (23), a licitação receberá a documentação dos mototaxistas.

Por outro lado, a CPI do Táxi encontrou irregularidades em cerca de 400, dos 490 registros de alvarás de taxistas da Capital, ou seja, 81,64% apresentaram algum tipo de incoerências nos registros, de acordo com informações do próprio presidente da CPI do Táxi, vereador Vinícius Siqueira (DEM). Na prática, isso significa que a CPI do Táxi segue na direção de cassar esses 400 alvarás irregulares, que estão, obviamente, nas mãos dos integrantes da “máfia do táxi” no município de Campo Grande.

Levantamentos realizados pela Comissão aponta que a maioria desses alvarás pertence a um seleto grupo composto, entre outros, pelo casal Orocídio de Araújo e Maria Helena Juliace de Araújo. A dupla, para quem não sabe, ocupa o segundo lugar entre as famílias com mais alvarás de táxi em Campo Grande.

Orocídio de Araújo, Maria Helena Juliace de Araújo, o irmão dela, Benevides Juliace Ponce, e a esposa dele, Gleicekermen Bogarim Godoy Ponce, têm, juntos, 39 carros. Apenas o senhor Oracídio de Araújo é proprietário de 15 alvarás, enquanto a esposa Maria Helena Juliace de Araújo tem outros 6 alvarás, o irmão dela, Benevides Juliace Ponce tem mais 14 alvarás e a mulher dele, Gleicekermen Bogarim Ponce, tem outros 3 alvarás.

Segundo informações enviadas ao Blog do Nélio, os integrantes da CPI, que são os vereadores Vinícius Siqueira (DEM), Odilon de Oliveira (PDT), Veterinário Francisco (PSB), Pastor Jeremias (PTdoB) e Junior Longo (PSDB), estão prontos para determinar a cassação dos 400 alvarás irregulares, porém, como é sabido, a “máfia do táxi” teria dado gordas “contribuições” financeiras durante a campanha eleitoral de muitos vereadores e até do atual prefeito Marquito Trad, fazendo surgir a indagação: a CPI do Táxi terá realmente coragem de pedir a cassação desses alvarás?

Agora, resta saber como ficará o serviço em Campo Grande, pois, caso a CPI do Táxi realmente casse os alvarás, sobrariam 400 novas vagas de táxi e, portanto, a Prefeitura terá de refazer o serviço que está sendo realizado no momento.

Ou seja, teria de abrir uma nova concorrência pública para não deixar a população sem o serviço, afinal, há um déficit de táxis na cidade e o problema pode se agravar com a cassação em massa. A não ser que a tão esperada punição fique só na promessa e a CPI do Táxi termine em pizza como tantas outras ações da Casa de Leis.