E a farra continua; ‘amigona’ do peito é aposentada pela Assembleia com um salário de R$ 30,4 mil

A prefeita de Fátima do Sul, Ilda Salgado Machado, que é esposa do ex-deputado estadual Londres Machado e mãe da atual deputada estadual Grazielle Machado, voltou aos holofotes novamente depois que na campanha eleitoral de 2016 ganhou mídia nacional após ser flagrada tirando dinheiro de dentro do sutiã para comprar votos dos eleitores no município que administra.

Agora, Ilda Machado retorna às manchetes dos sites e jornais de Mato Grosso do Sul graças à gorda aposentadoria obtida para ela pelo marido Londres Machado na Assembleia Legislativa. Há quase duas décadas, quando estava no comando da Casa de Leis, o então deputado estadual Londres Machado (PR) aposentou a mulher, Ilda Salgado Machado, 68 anos, com salário de R$ 30,4 mil pelo legislativo estadual.

A concessão do benefício, considerada suspeita porque ela não era funcionária concursada, começou a ser investigada este mês pelo MPE (Ministério Público Estadual) e o procurador-geral de Justiça Paulo Cezar dos Passos solicitou cópia integral do processo de aposentadoria, concedida em 25 de fevereiro de 1998. Na época, ele tinha 49 anos de idade e conseguiu ser aposentada com salário de R$ 30,4 mil, valor pago no mês passado pelo MSPrev (Fundo Previdenciário de Mato Grosso do Sul) e que é até cinco vezes superior ao teto do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), de R$ 5,5 mil por mês.

Com Ensino Médio completo, conforme informações repassadas à Justiça Eleitoral no ano passado, a prefeita se aposentou por ter exercido a função de assessora parlamentar e chefe de gabinete. Ela conseguiu a aposentadoria em 1998, período em que o marido, Londres Machado, eleito deputado por 11 mandatos, era presidente. Ele autorizou a concessão do benefício para a esposa e com salário de R$ 30,4 mil, maior que o valor do subsídio de R$ 25,3 mil pago a um deputado estadual.

Ilda não poderia se aposentar pelo legislativo porque não era funcionária efetiva. Pela Constituição Federal, ela deveria se aposentar pelo regime geral de previdência e com valor do benefício fixado em R$ 5,5 mil, como os demais trabalhadores comuns. Por meio de nota, a Assembleia explicou que a aposentadoria dela foi concedida antes da Emenda 19, de 6 de junho de 2002, e do decreto presidencial de 4 de junho de 2010. Pelas regras da época, não teve irregularidade.

Amiga do peito

Ilda foi eleita, novamente, prefeita de Fátima do Sul no ano passado, quando ficou famosa ao ser flagrada comprando votos e foi filmada tirando o dinheiro do sutiã. Ela foi cassada pela Justiça em primeira instância, mas, apesar das evidências, o Tribunal Regional Eleitoral a absolveu do crime no mês de maio.

Na gravação divulgada pelas redes sociais e encaminhada ao MPE (Ministério Público Estadual), a então candidata à prefeita de Fátima do Sul foi flagrada retirando dinheiro de dentro do sutiã para entregar a um eleitor. A filmagem é de boa qualidade e tinha duração de cerca de cinco minutos (a conversa foi gravada dentro da residência do eleitor).

Na campanha eleitoral, a amiga do peito pagava pelos votos dos eleitores de Fátima do Sul valores de R$ 200,00 a R$ 3.000,00 e os de lideranças por valores a partir de R$ 10.000,00. O vídeo mostrava um eleitor recebendo o total de R$ 700,00, apesar de a câmera só ter captado os últimos R$ 200,00, sendo que o restante do valor foi captado apenas pelo áudio da gravação.

O que chamou bastante a atenção era que para escapar de eventuais buscas, Ilda carrega o dinheiro sob o sutiã, o que faz recordar o caso de repercussão nacional do “dinheiro na cueca”. O eleitor filmado chegou a prestar depoimento ao MPE e tomou rumo ignorado, pois sua cabeça teria sido colocada a prêmio.

Fantasma

No entanto, essa não foi a única irregularidade cometida por Ilda Machado, pois, também durante a campanha eleitoral, já tinha sido revelado que ela era servidora fantasma da Assembleia Legislativa do Estado e que foi aposentada recebendo salário de R$ 30,4 mil por mês.  Pressionada pela mídia e às vésperas do início das investigações pelo Ministério Público Estadual (MPE), Ilda resolveu confessar ser aposentada, porém sustentou na época ter efetivamente trabalhado, apesar de jamais ter sido vista a trabalho nos corredores da Casa de Leis.

No dia 20 de setembro de 2016, a Justiça Eleitoral recebeu pedido de investigação judicial eleitoral visando apurar possível crime de falsidade ideológica praticado pela candidata, mas, como todos já sabem, as investigações não avançaram. Caso tivessem continuado, ela poderia responder na Justiça Criminal por crime contra o patrimônio público e peculato, além de ter que devolver todo o salário recebido no decorrer dos anos como aposentada da Casa de Leisl.

O caso começou a ser revelado por um internauta na rede social “Facebook” que apontou, até mesmo, o número da conta corrente em que os depósitos de Ilda Machado seriam realizados. A notícia revelou o maior esquema de desvio de dinheiro público já visto no Estado de Mato Grosso do Sul, mesmo assim, conseguiu levar Ilda Machado a responder pelo crime de falsidade ideológica eleitoral, já que omitiu essa informação de sua declaração de bens, crime contra o patrimônio público e peculato, além de ter que devolver todo o salário recebido indevidamente no decorrer dos anos.

Três dias após um internauta ter publicado na rede social “Facebook” dados da aposentadoria recebida por Ilda Salgado Machado (PR), fato até então desconhecido da população de Fátima do Sul, já que não declarou à Justiça Eleitoral, a então candidata à prefeita, não suportando a pressão popular e o início das investigações pelo Ministério Público Estadual, publicou em sua página pessoal declaração de que os fatos eram verdadeiros.

Confessou realmente era servidora aposentada da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, tendo iniciado seu trabalho naquela casa no feriado nacional de 1º de janeiro de 1970 e se aposentado em 1998, após longos 28 anos de serviços prestados ao Estado, negando, porém, a condição de “servidora fantasma”. No entanto, ninguém nunca flagrou a então servidora nos corredores da Casa de Lei, mas, mesmo assim, nada foi feito, porém, parece que agora, passados dois anos da denúncia, o MPE está conseguindo as provas necessárias.

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