E aí, Barbosinha? Irmãos de Ponta Porã ‘sumidos’ há 30 dias e o DOF consegue prisão para a mãe deles

Nesta segunda-feira (11) completam exatos 30 dias do “desparecimento” dos irmãos Rodney Campos dos Santos, 27 anos, e Edney Bruno Ortiz Amorim, 20 anos, que foram vistos pela última vez no dia 12 de agosto sendo abordados por uma guarnição do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) em um posto de combustíveis localizado na rodovia MS-164, no município de Ponta Porã (MS), próximo à entrada para a cidade vizinha de Antônio João (MS).

 Mesmo passado tanto tempo, as autoridades de Segurança Pública do Estado ainda não têm pistas para o caso. Essa falta de informações que possa levar ao paradeiro dos dois irmãos contribui para aumentar a suspeita de que os policiais do DOF sejam os responsáveis pelo “sumiço” dos rapazes. A Delegacia de Homicídios, com sede em Campo Grande, e o próprio DOF estão investigando o caso, sendo que os quatro policiais vistos na abordagem aos jovens já foram afastados das funções, mas a versão oficial deles para o caso não foi divulgada.

Na semana seguinte ao desaparecimento, o diretor do DOF, coronel PM Kleber Haddad Lane, disse que informalmente os policiais alegaram que após deixarem o posto de combustíveis liberaram os irmãos, sendo que o Golf preto utilizado por Rodney Campos dos Santos e Edney Bruno Ortiz Amorim foi encontrado no mesmo dia do sumiço, em território paraguaio, do outro lado da cidade de Ponta Porã. Porém, as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento mostram que, após serem revistados pelos policiais, um deles foi conduzido na viatura e o outro no Golf.

A família já fez, no dia 15 de agosto, um boletim de ocorrência de desaparecimento após a circulação dos vídeos nas redes sociais. Em um deles, com um minuto e dois segundos, aparecem os dois sendo abordados e os policiais fazendo vistorias no veículo. O outro também de um minuto e dois segundos acaba no momento em que um dos jovens entra no banco traseiro do Golf.

Neste mesmo momento, no fim do vídeo, um policial entra pela porta do motorista, outro policial pela porta do passageiro do carro de passeio e, ao fundo, aparece o outro rapaz entrando na viatura do DOF. Rodney, visto entrando na viatura, tem passagem por tráfico de drogas. Além disso, um novo vídeo mostra que o carro dos jovens estava sendo conduzido escoltado pela viatura do DOF na região da Fazenda Itamarati, que é passagem obrigatória para quem usa a MS-164, que liga Maracaju a Ponta Porã.

Nova informação

Uma nova informação encaminhada ao Blog do Nélio dá conta que a mãe dos irmãos desparecidos em Ponta Porã após abordagem do DOF, Rosimeire Rosa da Silva Ortiz, foi presa há poucos dias após uma ação policial, no mínimo suspeita, para cumprir mandado arquivado em 2014, conforme pode ser comprovado em análise dos autos de nº 0000562-74.2011.8.12.0014.

Rosimeire Rosa da Silva Ortiz respondia por fato ocorrido em 2011 e desde o dia 23 de janeiro de 2014 estava arquivado provisoriamente devido a acusada não ter sido encontrada. Porém, no dia 21 de agosto deste ano uma viatura caracterizada do DOF foi vista na sede do Ministério Público Estadual (MPE) de Maracaju e o restante dia no Fórum da cidade.

“Estranhamente”, nessa mesma data, a Promotoria de Justiça pediu vista no processo e representou pela prisão preventiva da acusada, que por sinal é a mãe dos dois irmãos desaparecidos após “encontro” com uma guarnição do DOF. Com uma agilidade nunca vista, a prisão foi decretada no mesmo dia e o Cartório da 2ª Vara de Maracaju expediu o mandado de prisão, que também foi cumprido com uma celeridade incomum nos meios judiciais.

O fundamento da prisão era que Rosimeire estava em lugar incerto e não sabido, porém, no dia seguinte, ou seja, 22 de agosto de 2017, a Polícia Militar de Ponta Porã, com uma eficiência invejável, a encontrou, fazendo cumprir o mandado de prisão. Há informações de que a Promotoria de Justiça e o juiz da Comarca de Maracaju não tinham conhecimento de que Rosimeire era a mãe dos desparecidos e que os policiais teriam inventado alguma história falsa para desenterrar o processo e convencer sobre a necessidade de a prisão ser decretada.

E agora? Com a resposta a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado.