Delírio ou insanidade? Antes de ser entubado, Name diz ter direito a R$ 41 bilhões em precatórios

Entubado com Covid-19 há mais de 15 dias em Hospital Wilson Rosado, em Mossoró (RN), onde aguarda condições de saúde para ser transferido para um hospital em Brasília (DF), o empresário campo-grandense Jamil Name, 82 anos, preso desde o dia 27 de setembro de 2019 sob a acusação de chefiar milícia armada responsável por várias execuções em Mato Grosso do Sul, revelou, em depoimento aos peritos nomeados pela Justiça, faturar, por ano, R$ 1 bilhão com mina de ametista.

Além disso, o octogenário revelou ter direito a R$ 41 bilhões em precatórios, valor quase três vezes o orçamento anual do Governo do Estado. Tudo isso foi detalhado por ele aos peritos que avaliam a sua insanidade mental a pedido do juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande. Os médicos Fábio Brasil e Luiz Renato Carazzai concluíram que Jamil Name pareceu consciente e orientado no tempo.

No laudo encaminhado à Justiça, eles concluíram que o poderosíssimo empresário está na fase inicial da demência mental não especificada. Ele não é incapaz de manter o seu dia a dia no Presídio Federal de Mossoró, onde está detido desde o dia 12 de outubro de 2019. Também se mostrou inteiramente capaz de entender os motivos da prisão e as acusações feitas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

O destaque no relatório dos peritos é a fortuna revelada por Jamil Name, um dos empresários mais poderosos e influentes na Capital, considerando-se o prestígio com magistrados, delegados, policiais e políticos de todos os partidos e diferentes ideologias. Durante a Operação Omertà, o Gaeco encontrou cheques em nome do ex-governador Zeca do PT e do ex-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Joenildo de Souza Chaves.

Com apenas o segundo ano do ensino fundamental, Jamil Name construiu a fortuna a partir dos anos 1950, quando trocou São Paulo por Campo Grande e passou a fazer anotações do jogo do bicho. Ele também montou uma imobiliária em sociedade, através da qual teria vendido terras no Mato Grosso, antes da divisão, e estados como Paraná e São Paulo. Também disse que abriu vários loteamentos em Campo Grande.

De acordo com o empresário, ele adquiriu uma mina de ametista em sociedade com Samuel de Oliveira. A mina chegou a produzir R$ 1 bilhão. Ele disse que o sócio lhe deve em torno de R$ 500 milhões. Jamil Name lembrou que possui aproximadamente R$ 41 bilhões para receber em precatórios – denominação do crédito com órgãos públicos municipais, estaduais e federais.

O valor astronômico equivale a quase três orçamentos do Governo do Estado, em torno de R$ 15 bilhões por ano. O valor representa dez vezes o orçamento da Prefeitura de Campo Grande, que conta com 25 mil servidores e comanda uma cidade com quase 900 mil habitantes.

O empresário estima que o valor líquido do precatório fique em torno de R$ 6 bilhões, descontando-se deságio e impostos. O valor é dez vezes o montante que ele ofereceu, em depoimento ao juiz Roberto Ferreira Filho, para um ministro de Brasília tirá-lo da prisão.

Conforme o áudio gravado, Jamil diz ao magistrado que tem de R$ 100 milhões a R$ 600 milhões para oferecer ao ministro. Em depoimento aos peritos, o empresário disse que não tinha a intenção de pagar propina ao magistrado, mas de conversar justamente sobre os valores do precatório.

Jamil Name afirmou que “não é louco” e planeja “provar a inocência” para deixar a prisão. Ele não concorda com a estratégia da defesa de interditá-lo judicialmente para tirá-lo do Presídio Federal. Na sua avaliação, há em torno de 10 pessoas interessadas na sua interdição para assumirem sua fortuna. Ele citou alguns nomes e preferiu preservar outros para não se comprometer ainda mais.

Dois funcionários do presídio, que acompanham o dia a dia de Name, reforçaram a tese de que ele faz tudo sozinho, não possui delírios nem manifesta transtornos mentais no dia a dia. O empresário disse que tem tido dificuldade para dormir no presídio e perdeu 30 quilos nos últimos dois anos. Com informações do site O Jacaré