Delegado Obara é promovido mesmo envolvido em esquema de corrupção. Isso pode?

Em um claro desrespeito com sociedade, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul publicou decreto promovendo o delegado Marcio Shiro Obara, que é réu por corrupção passiva e obstrução de investigação de organização criminosa na Operação Omertà, à classe especial na condição sub judice, da Carreira de Delegado de Polícia, no cargo de Delegado de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

A promoção atende uma decisão judicial e é retroativa a 1º de setembro de 2019, ignorando o fato de o delegado Marcio Obara foi preso durante Operação Ormetá e posto em liberdade pela 1ª Vara Criminal de Campo Grande em agosto do ano passado, porém, usando tornozeleira eletrônica e com o pagamento em juízo de R$ 26,125 mil.

O delegado era investigado desde a primeira fase da Omertà, em setembro de 2019 e suspeito de receber propina de R$ 100 mil para não investigar a execução de do policial da reserva e chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul em 2018.

Segundo as investigações, no dia do homicídio de Ilson Martins de Figueiredo, investigadores da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) teriam encontrado no carro da vítima um envelope com a inscrição “Dossiê”, com prints de uma conversa entre Ilson e alguém identificado como Padrinho.

No diálogo, é informado que a morte de Ilson foi discutida e autorizada em uma reunião em Ponta Porã, cidade onde vive Fahd. Tal interlocutor, Padrinho, alertava Ilson para que tomasse cuidado. Além disso, nas mensagens foi mencionada a morte de Betão, Alberto Aparecido Roberto Nogueira. Ele teria sido executado por estar envolvido no homicídio de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd Jamil, irmão de Flávio.

Investigadores chegaram a confirmar a existência dos documentos e prints, que nunca constaram nos autos do inquérito feito pelo delegado Marcio Obara. Entre outras tentativas de ocultar provas, outros materiais e documentos também não constaram no inquérito policial, afirma o Gaeco.