Crime de meio milhão de reais que exterminou delegado fica guardado na gaveta da Justiça

Celso Bejarano – Top Midia News

Quinhentos mil reais em dinheiro vivo teria sido o valor pago a pistoleiros profissionais que, numa emboscada, mataram em junho de 2013, cinco anos atrás, a tiros, o delegado aposentado da Polícia Civil Paulo Magalhães de Araújo, à época com 57 anos de idade.

O processo da investigação soma 3.128 páginas e, nelas, aparecem nomes e sobrenomes de pessoas importantes e conhecidas na cidade que nem sequer foram chamadas para depor. O julgamento da dupla que teria matado o delegado já sofreu adiamentos, no último deles agendado para o mês de agosto próximo.

Um dos advogados sustentou na defesa que ia viajar para o exterior e, a outra advogada afirmou ter sido submetida a uma cirurgia na mão, daí a retardação do julgamento.

Consta no inquérito policial e no processo que o então guarda municipal, em Campo Grande, José Moreira Freire, o Zezinho, 44, foi quem atirou no delegado enquanto esperava a filha que saia da escola, dentro do carro.

Zezinho seguia na garupa de uma motocicleta conduzida por Rafael Leonardo dos Santos, à época do crime com 29 anos de idade. Antônio Benites Cristaldo, o Tony, 41, vigilante, amigo de Zezinho, segundo os investigadores do caso, estava perto da cena do crime, conduzindo um Fiat. Ele estaria “escoltando” os assassinos, agindo, assim, como co-autor do crime.

Logo depois do assassinato, pedaços do corpo de Rafael dos Santos, o que pilotava a motocicleta, foram achados no lixão, na saída de Sidrolândia. O rapaz foi morto e teve o corpo queimado. Foi identificado por meio de exames de DNA. Sua morte seria o que chamam no meio policial como queima de arquivo, meio de atrapalhar as investigações. Os dois processados pela morte por emboscada aguardam o julgamento em liberdade.

DENÚNCIAS

O delegado aposentado chefiava a organização não-governamental Brasil Verdade e polemizava assuntos venturosos, como supostas irregularidades implicando autoridades da magistratura e ainda do Ministério Público. Tais matérias eram publicadas no site da Ong, também comandado por Paulo Magalhães.

Logo depois do assassinato do delegado aposentado, espalhou-se pela cidade de Campo Grande, a informação de que a vítima teria, antes, distribuído ao menos uma dezena de “dossiês-sigilosos” que comprometeriam pessoas as quais Paulo Magalhães teria denunciado.

A notícia, contudo, foi refutada pela mulher do delegado, que prestou depoimento à polícia dias depois do crime. Ela. Defensora pública aposentada, disse que não havia dossiês e tudo que o marido denunciara já teria sido protocolado judicialmente pelo marido, ainda vivo.

No processo que investiga a emboscada que matou Paulo Magalhães, no dia 25 de junho de 2013, por volta das 17h30 minutos em frente a uma escola, no Jardim dos Estados, levanta-se a suspeita de que havia conexão entre a morte do delegado e a do jornalista Eduardo Carvalho, ocorrido em 21 de novembro de 2012, por volta das 21h30.

Carvalhinho, como era conhecido, havia tocado um jornal junto com Magalhães, sociedade desfeita depois de os dois se desentenderem. Eles não se falavam.

Parentes do delegado, no entanto, informaram no processo que Carvalhinho, antes da morte, teria mandado um e-mail a Magalhães em que pediu desculpas por motivo não esclarecido na mensagem. Carvalhinho foi morto em frente à casa,  a tiros disparados por dois homens que estavam numa motocicleta. Ele morreu em novembro de 2012 e o delegado, junho de 2013, sete meses de diferença de um crime para o outro.

No processo da morte de Paulo Magalhães 20 pessoas foram incluídas como testemunhas, policiais que atenderam a ocorrências entre as quais.
Já nomes de outras pessoas citadas no processo e que teriam motivações para ver morto o delegado aposentado não aparecem no rol das testemunhas.