Cadê você, Barbosinha? DOF não explica sumiço e se volta contra técnicos que filmaram abordagem de irmãos

Depois de 19 dias do desparecimento dos irmãos Rodney Campos dos Santos, 27 anos, e Edney Bruno Ortiz Amorim, 20 anos, que foram vistos pela última vez no dia 12 de agosto sendo abordados por uma guarnição do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) em um posto de combustíveis localizado na rodovia MS-164, no município de Ponta Porã (MS), próximo à entrada para a cidade vizinha de Antônio João (MS), eis que surge mais um fato escabroso sobre o caso.

Marcos Blanco, 29 anos, e Luís Fernando Nara Aguirre, 28 anos, os dois técnicos que faziam a manutenção de câmeras de segurança em Ponta Porã no momento em que os policiais do DOF abordavam os dois irmãos, foram sequestrados, torturados e só não morreram porque conseguiram fugir dos autores dos crimes. As câmeras de segurança que instalavam registraram a última aparição dos irmãos, nunca mais encontrados desde então.

Enquanto isso, o nobre secretário de Segurança, Barbosinha, está direcionando seus esforços para a candidatura a deputado estadual no próximo ano e o setor está à deriva.

Marcos Blanco e Luis Fernando, suspeitos de vazarem a imagem da abordagem dos dois irmãos pelos policiais do DOF, caíram em uma emboscada ao serem chamados para mais um serviço técnico. Depois de sequestrados e torturados, eles fugiram do porta-malas do Volkswagen vermelho em que estavam e pediram ajuda aos agentes da Divisão de Homicídios da Polícia Nacional do Paraguai, sendo que eles acreditam que seriam executados pelos criminosos.

Essas novas informações contribuem para aumentar a suspeita de que os policiais do DOF sejam os responsáveis pelo desaparecimento dos dois irmãos e também pelo sequestro e tortura dos dois técnicos. A Delegacia de Homicídios, com sede em Campo Grande, e o próprio DOF estão investigando o caso, sendo que os quatro policiais vistos na abordagem aos jovens já foram afastados das funções, mas a versão oficial deles para o caso não foi divulgada.

Na semana retrasada, o diretor do DOF, coronel PM Kleber Haddad Lane, disse que informalmente os policiais alegaram que após deixarem o posto de combustíveis liberaram os irmãos, sendo que o Golf preto utilizado por Rodney Campos dos Santos e Edney Bruno Ortiz Amorim foi encontrado no mesmo dia do desaparecimento, em território paraguaio, do outro lado da cidade de Ponta Porã. Porém, as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento mostram que, após serem revistados pelos policiais, um deles foi conduzido na viatura e o outro no Golf.

A família já fez, no dia 15 de agosto, um boletim de ocorrência de desaparecimento após a circulação dos vídeos nas redes sociais. Em um deles, com um minuto e dois segundos, aparece os dois sendo abordados e os policiais fazendo vistorias no veículo. O outro também de um minuto e dois segundos acaba no momento em que um dos jovens entra no banco traseiro do Golf.

Neste mesmo momento, no fim do vídeo, um policial entra pela porta do motorista, outro policial pela porta do passageiro do carro de passeio e, ao fundo, aparece o outro rapaz entrando na viatura do DOF. Rodney, visto entrando na viatura, tem passagem por tráfico de drogas. Além disso, um novo vídeo mostra que o carro dos jovens estava sendo conduzido escoltado pela viatura do DOF na região da Fazenda Itamarati, que é passagem obrigatória para quem usa a MS-164, que liga Maracaju a Ponta Porã.

Agora fica difícil para a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) não vir a público esclarecer o ocorrido. Afinal, dois jovens sumiram depois de uma abordagem do DOF e, logo em seguida, os técnicos responsáveis pelas câmeras que filmaram a ação dos policiais são sequestrados e torturados. E aí? Cadê as autoridades competentes nessas horas?