Cabo da PM que matou policial civil em ônibus acaba preso em ação contra máfia do cigarro

Jhones morto dentro de ônbus e o cabo Vagner Pereira

O cabo da PM, Vagner Nunes Pereira, que em agosto do ano passado matou com três tiros o policial Civil Jones Regiori Borges dentro de um ônibus na cidade de Navirai após uma discussão, foi um dos presos na Operação Oiketicus, que mira policiais envolvidos na Máfia do Cigarro em Mato Grosso do Sul.

Ele é um dos oito presos nesta quarta-feira (13) São eles Tenente Novaes, Subtenente Maíra, Sargento Kelson Udjacov, Sargento Espíndola, Cabo Salvador, Cabo Vagner e AL Cabo Ferreira.

Espíndola é irmão de coronel que já se encontra preso desde o mês passado, quando foi deflagrada a operação. Na ocasião, foram presos mais de 20 suspeitos de facilitar o contrabando em Mato Grosso do Sul.

Foram cumpridos oito mandados de prisão e um nome não foi divulgado. Destes, são três policiais investigados em Campo Grande e cinco no interior do Estado.

A investigação identificou suspeitos de liberar cigarreiros diante do pagamento de propina, que variavam de acordo com a carga. Os valores levantados pela operação apontam que os militares recebiam de R$ 2 mil a R$ 100 mil mensais para liberar as cargas.

Operação

O nome Oiketikus escolhido para a operação  é de um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”. Ela foi deflagrada no  dia 18 de maio, em 14 cidades do Estado.

No total, 21 policiais foram presos acusados de participação. Todos foram encaminhados para celas do Presídio Militar Estadual. O Gaeco também realizou uma força-tarefa, que recebeu o nome de “tropa de elite” e cumpriu 45 mandados de busca e apreensão.

 

RELEMBRE O CASO DA MORTE DO POLICIAL CIVIL

De acordo com fontes de dentro do IML – Instituto Médico Legal, de Dourados, o policial civil, Jonas Ggiori Borges, de 38 anos, que morreu na madrugada de domingo (08-08-2017)depois de uma discussão e briga com o cabo PM, Vagner Nunes Pereira, de 30 anos, dentro de um ônibus que fazia a linha Naviraí-Campo Grande, teria levado o primeiro tiro nas costas.

Os dois outros disparos teriam acertado o tórax e o braço do policial.

Com isso, o laudo pericial passa a ser uma peça mais do que importante para a elucidação do caso e o delegado Eduardo Lucena explica que vai apurar se houve excesso na ação do cabo na abordagem dentro do ônibus. Várias testemunhas já foram ouvidas e tanto a balística como a dinâmica do ocorrido vão ser confrontadas com o depoimento do militar.

Na delegacia, o PM alegou que viu o perito se masturbando dentro do ônibus e que, na abordagem, o policial civil teria tentado sacar uma arma.

“Não era mais prudente pedir para o motorista retornar para ele pedir reforço e fazer uma abordagem segura? Ele estava à paisana, a vítima poderia ter acreditado se tratar de um assalto”, questiona o delegado, informando que nenhuma testemunha confirmou o fato de que o perito estaria se masturbando.

Após o depoimento, Vagner foi liberado. “Se necessário, vamos chamá-lo para prestar mais esclarecimentos”, pontua Eduardo Lucena.

Inquérito militar – O sub-comandante do quartel de Naviraí, tenente-coronel Natanael Bonato de Souza, informou que será feita investigação militar para apurar a ação do cabo. “Pelos primeiros detalhes, caminha para ser uma ação necessária”, avalia.

O sub-comandante disse que ainda não conversou com Vagner, mas que, após conculta com psicólogo, ele pode voltar ao trabalho normalmente durante o inquérito. “Ele passará por avaliação psicológica para verificar se está em condições de ficar no serviço operacional”, informou.

Vagner está lotado no quartel de Naviraí desde 2006. Ele estaria indo passar o Dia dos Pais com o pai, que mora em Campo Grande.

O policial civil era lotado em Navirai e o PM trabalhava na penitenciária da cidade, ambos não se conheciam e estava em viagem para a Capital. (com infos CGNews).

Veja íntegra dos depoimentos.

Histórico do BO
Conforme BOPM 4106/2017; Segue transcrição na integra: “Nesta data, por volta das 00h15min, todas as equipes PM´s de serviço foram acionadas via central dizendo que estava havendo troca de tiros dentro do ônibus da Expresso Queiroz, no endereço acima citado. Assim sendo, de imediato as equipes deslocaram ao local. A equipe que chegou primeiro foi a RP-2 prefixo 102773 (Cb PM Dângelo e o Sd PM Frazão), juntamente com uma equipe do Corpo de Bombeiros Militares “ UR-89 (St Bm Lima, Sd Bm Rui e Sd Bm Espinosa). Aproximando-se do local, a equipe RP-2 avistou o ônibus da empresa Expresso Queiroz, de placas HSV-8660 – prefixo 591, estacionado de fronte ao endereço acima mencionado com os passageiros fora do ônibus. Chegando no local encontrou o Cb PM WAGNER NUNES PEREIRA, lotado no 12º BPM/Naviraí, se dizendo passageiro do referido ônibus. Disse: Que estava na poltrona 37/38 (lado esquerdo do ônibus); Que estava saindo de Naviraí e se deslocando até a cidade de Campo Grande/MS; Que após o ônibus sair do terminal rodoviário local, em dado momento, um passageiro se dirigiu até a sua poltrona e disse de modo imperativo que queria sentar ao seu lado; Que vendo a situação do passageiro, disse o porquê?; Que então tal passageiro repetiu novamente de modo imperativo que queria sentar naquele local; Que então perguntou ao passageiro se queria que ele saísse da poltrona?; Que então o passageiro respondeu que não, disse que queria ao seu lado; Que diante disso, disse que não iria aceitar ele sentar ao seu lado; Que o referido passageiro resolveu sentar na poltrona 39/40 (lado direito do ônibus); Que passados alguns minutos, com a luz interna do ônibus desligada, percebeu um vulto, vindo da poltrona 39/40, se movimentando estranhamente; Que resolveu então ligar a lanterna e apontar em direção a este local; Que avistou o passageiro da poltrona 39/40 se masturbando com o pênis pra fora da calça; Que então se levantou e tirou a arma de sua cintura, disse polícia e apontou na direção do referido passageiro; Que então disse ao passageiro, o que você está fazendo?; Que neste momento o passageiro em princípio em tom de deboche, disse: QUE POLÍCIA O QUE! QUE POLÍCIA O QUE!; Que então o passageiro aparentou querer pegar alguma coisa no seu lado direito; Que então gritou com o passageiro dizendo: Levanta a mão! Levanta a mão!; Que viu quando o passageiro pegou uma arma cromada e quando foi apontar em direção ao policial militar, este disparou com a arma da carga da PMMS (.40 TC MD6 “ nº ETA07013) três tiros em direção do referido passageiro; Que então pegou a arma (revolver .38 Special â nº XH206920 “ PC/MS), com sete munições intactas, da mão do passageiro; Que então pediu para alguém ligar para a polícia e para o bombeiro. Então a equipe PM/RP-2 juntamente com a equipe BM entraram no referido ônibus, onde avistaram o passageiro sentado na poltrona 39/40, com a cabeça para cima e com olho fechado. Onde a equipe BM percebeu que este já estava em óbito. Deste modo, foi acionada a Perícia (Felipe e Eduardo) e a Polícia Civil (Delegada Sayara, IPJ Santini, IPJ Silvio, IPJ Eduardo). Também, chegaram ao local a equipe PM do GETAM (Cb PM Tosta, Sd PM Somariva. Sd PM M. Rodrigues e Sd PM Pavarin), a equipe PM/RP-1 (3º Sgt PM Josias, Sd PM Thompson e Sd PM Mendonça) e a equipe PM/Trânsito (Asp Of PM Felizola, Sd PM Alexsandro, Sd PM Cunha e Sd PM Ramos). Foi realizada a preservação do local de crime, parte interna do ônibus. Ainda no local, foi verificado que o referido passageiro era Perito Papiloscopista da Polícia Cívil, lotado em Naviraí, e sua arma faz parte do material carga da PCMS. Deste modo, foram recolhidas ambas as armas, sendo a pistola do policial militar estava com 06 (seis) munições intactas no carregador e o revolver do policial civil com 07 (sete) munições intactas. De imediato o policial militar foi conduzido pela equipe PM/RP-2 até o Posto da PRF/Naviraí, onde realizou o teste de alcoolemia resultando em 0,00 mg/L (nº de série: 086808 “ nº da versão: 348C “ nº do teste: 04081). Destarte, foram colhidas algumas declarações dos passageiros: 1º TIAGO RODRIGUES, disse: Que era passageiro da poltrona nº 45/46; Que viu quando o policial militar ligou a lanterna e apontou em direção a vítima; Que o policial militar gritou “Polícia! Levanta a mão!â€ÂÂ�; Que a vítima disse “Que polícia que, que polícia queâ€ÂÂ�; Que então ouviu os três disparos. 2º RAYANNE DOS SANTOS SILVA, disse: Que era passageira da poltrona nº 17; Que a vítima entrou visivelmente embriagada no ônibus; Que sentou ao seu lado e começou dizer que queria ficar e dormir com a mesma; Que pediu várias vezes para ele sair do local; Que então disse que se este não saísse iria gritar; Que então a vítima saiu e foi para fundo do ônibus; Que passando algum tempo escutou os disparos. 3º LUZIA PEREIRA GOMES CALDEIRA, disse: Quer era passageira da poltrona nº 05; Que escutou alguém dizendo levanta a mão e após ouviu os disparos. 4º JOSÉ CARLOS CALDEIA, disse: Que era passageiro da poltrona nº 06; Que estava ao lado de sua esposa, Sra. Luzia Pereira Gomes Caldeira; Que escutou alguém dizendo levanta a mão e após ouviu os disparos. 5º LILIANE PORTILHO AMARILHA, disse: Que era passageira da poltrona nº 01; Que estava de fone de ouvido escutando músicas; Que só ouviu os disparos. 6º DERLES DE SOUZA RUFINO, disse: Que era passageiro da poltrona nº 31; Que escutou quando alguém gritou “baixa a mão, baixa mãoÂÂ� e após ouviu os disparos; 7º RODRIGO NOVAES ROCHA, disse: Que era o motorista da empresa Expresso Queiroz; Que estava saindo de Naviraí com destino a Campo Grande/MS; Que viu que a vítima foi última a embarcar; Que não notou nada de estranho na vítima; Que só ouviu os disparos. 8º DANILO JOSÉ DE OLIVEIRA, disse: Que era passageiro da poltrona nº 27, porém estava sentado na poltrona 11/12; Que estava de fone de ouvido escutando músicas; Que só ouviu os três disparos. 9º VANDINALDO ALVES DA SILVA, disse: Que era passageiro da poltrona nº 35; Que ouviu quando o policial militar gritou â€levanta a mãoâ€ÂÂ� e após os três disparos. Contudo, cabe ressaltar que em nenhum momento a vítima se identificou como sendo policial civil, segundos os passageiros e o policial militar. Por fim, foi elaborado este boletim PM e encaminhado juntamente com os passageiros, o motorista e o policial militar e armas recolhidas até ao 1º DP/Naviraí para as devidas providências previstas em lei. Nada mais.â€Â�. QUE o medico legista plantonista foi acionado logo após os fatos e o corpo foi encaminhado para a cidade de Dourados pela funerária. Diante dos fatos registra-se o Boletim de Ocorrência. Nada Mais.