Brasil continua “exportando” chefes de facções criminosas. Dessa vez o “Guri” acabou preso

Agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) prenderam, nesta terça-feira (04), o narcotraficante brasileiro Fabrício Santos da Silva, 37 anos, mais conhecido como “Nenê” ou “Guri”, que é apontado como chefe de uma organização criminosa brasileira “Os Manos”, que age no Rio Grande do Sul em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A operação da Senad foi realizada na manhã desta terça-feira na cidade de Hernandárias, no Departamento de Alto Paraná, de acordo com o que o Ministério Público do Paraguai. Fabrício Santos da Silva tem condenação de 70 anos de prisão por vários crimes no Brasil. Um cidadão paraguaio chamado Francisco Brítez, com histórico de posse de cocaína em 2003, também foi detido por agentes da Senad, que aparentemente era secretário do chefe de narcóticos.

Guri tinha recebido prisão domiciliar por 90 dias no Brasil no fim de março deste ano por pertencer a um grupo na faixa de risco de contágio da Covid-19. Beneficiado com a liberdade provisória ele deu como endereço um uma residência em Estância Velha, no interior do Rio Grande do Sul, mas rompeu a tornozeleira eletrônica no dia 4 de julho e estava foragido no Paraguai desde então.

Na madrugada de hoje, os agentes da Senad invadiram a casa de luxo no Condomínio Costa do Lago, em Hernandárias, onde ele estava escondido e prenderam Guri e o paraguaio Francisco Brítez, que era uma espécie de secretário dele. Britez já tinha sido em 2003 por tráfico de cocaína no Paraguai. Duas mulheres que seriam garotas de programa também foram encontradas no local.

Segundo os investigadores paraguaios, a casa onde o traficante foi preso era de alto luxo, localizada na região mais valorizada de Hernandárias e tinha inclusive um lago particular e um píer onde ele chegava e saia do local em uma lancha. Há pouco Fabrício foi levado para a Base de Migração na Ponte da Amizade em Ciudad del Este e será extraditado ainda na manhã desta terça-feira para Foz do Iguaçu (PR) onde será entregue para agentes da Polícia Federal.

Ele também é um dos responsáveis por articular em 2017 a escavação de um túnel para a fuga maciça da Penitenciária Central do Brasil. A Justiça brasileira emitiu uma nova ordem de prisão com retorno ao regime fechado após sua fuga. Preso de 2013 ele chegou a ser transferido para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em uma operação que pretendia isolar as lideranças de facções criminosas do Rio Grande do Sul.

Na época, ele foi apontado como um dos responsáveis pela construção de um túnel para fuga em massa de Presídio Central de Porto Alegre (RS). Na “obra” foram investigados milhões de reais e a intenção era colocar em liberdade pelo menos 200 criminosos.