Barón Escurra é novamente considerado foragido da Justiça do Paraguai

O Tribunal de Apelações da Justiça do Paraguai revogou, no último dia 9 de outubro, a liberdade do traficante Felipe “Barón” Escurra Rodriguez, mais conhecido como “O Rei da Maconha”, que ficou mais de um ano preso na Penitenciária de Tacumbú, mas convenceu o magistrado Leonjino Benitez Caballero a libertá-lo no dia 2 de setembro. Agora, com a decisão, Barón Escurra, que na última década se tornou líder do tráfico de maconha na cidade paraguaia de Capitán Bado, na fronteira com a cidade sul-mato-grossense de Coronel Sapucaia, é considerado fugitivo da Justiça do Paraguai.

De acordo com as agências de segurança do Paraguai, Barón conseguiu levar a captura no Brasil, em julho de 2010, do seu chefe, o traficante Cabral Amarilla, para assumir o controle de todos os “negócios”, ou seja, o tráfico de cocaína e maconha, bem como de armas e munições feitas na fronteira com o Brasil pela região de Capitán Bado. Por sua vez, Cabral era o herdeiro da estrutura criada pelo clã Morel, que no fim dos anos 90 foi completamente dizimado pelo traficante brasileiro Fernandinho Beira Mar, chefe da organização criminosa brasileira Comando Vermelho (CV), que, depois de escapar de uma prisão no Brasil, refugiou-se temporariamente no Capitán Bado.

Essa guerra custou ao líder Cabral a morte de um filho de três anos e de nove capangas, que foram massacrados em janeiro de 2002. Rapidamente, Barón Escurra apropriou da estrutura criminosa já instalada em Capitán Bado e mandou exterminar pessoas que ele acreditava que poderiam fazer concorrência ou colocar sua liderança em perigo, incluindo o presidente do Conselho Municipal de Capitán Bado, Epifanio Palacios (ANR), e também do narco Gerardo Heliodoro Sánchez Martínez.

Em pouco tempo, Escurra tornou-se o maior negociante de maconha da região e usou uma verdadeira frota de aeronaves, operando em pistas de pouso clandestinas instaladas ao longo da fronteira, para remeter todo o tipo de bens ilegais para o Brasil. Depois de alegações de jornais feita pelo correspondente do ABC Color, Cándido Figueredo, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), localizou e destruiu vários negócios de Barón Escurra, que em retaliação ameaçou matar o comunicador.

Depois de operar com impunidade por mais de dez anos, agentes da Polícia do Brasil interceptaram algumas ligações de Escurra, que serviram para revelar o esconderijo dele, uma propriedade rural localizada na Colônia Cristino Potrero, a cerca de 400 metros da linha internacional e dez quilômetros do centro da cidade de Capitán Bado, onde foi encurralado e capturado por agentes especiais da Polícia do Paraguai em 19 de agosto de 2016.

Mas depois de ter sido trancado por mais de um ano, Barón Escurra obteve de um juiz “amigo” medidas alternativas de prisão porque o magistrado não encontrou elementos alegados que o ligariam ao tráfico de drogas. Mas 30 dias depois, o Tribunal de Recurso revogou a medida, no dia 9 de outubro, e agora Escurra voltou a ser um dos traficantes de drogas mais procurados na região de Amambay.