Balísticas em arsenal podem esclarecer execuções na Capital, inclusive de filho de ex-capitão PM

As balísticas que estão em andamento nas armas apreendidas em arsenal encontrado pela Polícia com o guarda municipal Marcelo Rios no dia 19 de maio deste ano poderão esclarecer pelo menos três execuções ocorridas em Campo Grande. Entre essas execuções está a do acadêmico do curso de Direito Matheus Xavier, de 20 anos, que era filho do capitão reformado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Paulo Roberto Teixeira Xavier, verdadeiro alvo dos pistoleiros.

Segundo investigações da força-tarefa da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras), junto ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), os matadores de aluguel teriam sido contratados para executar o capitão por R$ 120 mil, mas erraram o alvo.

A execução teria sido encomendada em decorrência de desavenças antigas entre o policial militar e empresários de Campo Grande. O crime ocorreu no dia 9 de abril deste ano. Matheus deixava a garagem da casa onde morava em uma caminhonete S10, que pertencia ao pai dele, quando dois homens se aproximaram em um veículo e já desceram atirando.

A vítima foi atingida ao menos sete vezes por um fuzil calibre 762, de acordo com o apontado pela perícia. Os bandidos fugiram após os disparos. A versão plausível para a Polícia é a de que Matheus retirava o carro para que o pai pudesse sair com seu Ford Ka, o mesmo que usou para socorrer a vítima à Santa Casa.

O capitão da PM já fora preso, em 2009, acusado pela Polícia Federal de explorar máquinas caça-níqueis na Capital. Segundo seu processo na Justiça, foi condenado a sete anos de prisão por falsidade ideológica, mas acabou liberado em 2011, beneficiado com o direito de responder ao processo em liberdade concedido pelo Superior Tribunal Federal.

Três anos depois, ele voltou a ser preso, por porte ilegal de arma em uma praia no Maranhão. Em 2017, o comando da corporação resolveu lhe mover para a reserva. Em novembro do ano passado, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcelo Vargas, baixou portaria criando a força-tarefa para desenvolver todos os atos investigatórios, visando a completa elucidação de crimes que guardavam semelhança entre si (pistolagem), pelo modus operandi, tipo de armamento utilizado, entre outros itens.

Na época, o delegado avocou os inquéritos sobre as mortes de Ilson Martins Figueiredo, Marcel Costa Hernandes Colombo e Orlando Silva Fernandes. Os inquéritos encontravam-se em tramitação na Delegacia Especializada de Homicídios. A força-tarefa seria coordenada por integrante designado por portaria e a equipe ficaria administrativamente subordinada ao gabinete do delegado-geral adjunto.

Em abril, nova portaria da DGPC voltou a avocar dois daqueles inquéritos e mais o sobre a morte Matheus Coutinho Xavier, mas determinando o seu encaminhamento para a Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos e Resgate, Assaltos e Sequestros (Garras). A alegação do delegado-geral foi de que o Garras tem estrutura adequada para tornar as investigações mais céleres e efetivas.