Armas e drogas! Prisão do traficante brasileiro Levi Felicio no Paraguai é um duro golpe para PCC e CV.

As facções criminosas brasileiras PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) sofreram um duro golpe nas suas respectivas infraestruturas com a prisão, no Paraguai, do traficante brasileiro de drogas e armas Levi Adriani Felicio, 52 anos. Isso porque ele seria o responsável por comandar, diretor do país vizinho, o fornecimento de armas e drogas para os dois principais grupos criminosos do Brasil.

Durante uma operação realizada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), na madrugada de segunda-feira (14), em Assunción, capital do Paraguai, Levi Felicio foi detido enquanto dormia no seu luxuoso apartamento. No dia seguinte, o presidente do Paraguai, Mario Abdo, usou sua conta pessoal na rede social Twitter para anunciar a expulsão do traficante brasileiro e sua entrega às autoridades brasileiras.

O ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, agradeceu Abdo publicamente e aproveitou para reforçar os esforços do País e do Paraguai para o combate ao crime organizado. Desde quarta-feira (16), Levi Felicio está preso preventivamente no Brasil, em local não divulgado. Porém, ele já poderia estar detido aqui desde 2014, caso não tivesse escapado da Polícia em uma operação frustrada realizada naquele ano.

Prisão de irmão avisa sobre investigação

 Levi Felicio é investigado por vínculos com o PCC há quase duas décadas e o seu irmão, Rodrigo Felicio, o “Tico”, já foi apontado como um dos líderes da facção criminosa na região de Piracicaba (SP) em apurações da PF (Polícia Federal) e do MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo.

Por conta dessa suposta relação dos irmãos com o PCC, em 2014, os dois foram alvo da “Operação Gaiola”, deflagrada pela PF, que investigou o tráfico de toneladas de droga vindas de Bolívia e Paraguai para o Brasil. Tico foi apontado como chefe do esquema.

No dia 1º de abril, ele foi preso preventivamente. Naquela época, a PF já tinha pedido à Justiça Estadual Paulista a prisão de Levi Felicio. A ordem para prendê-lo, porém, só foi expedida no dia 16. Ele soube que seu irmão tinha sido preso e, segundo pessoas que o investigavam na época, desconfiou que poderia ser alvo da mesma operação. Aproveitou a demora na expedição de sua ordem de prisão e fugiu para o Paraguai.

Vida luxuosa e proteção no Paraguai

 

Foragido de autoridades brasileiras, Felicio fixou-se no Paraguai, onde passou a viver em um apartamento localizado em condomínio de luxo em Assunción. Segundo autoridades paraguaias, ele comandava o abastecimento de cocaína, maconha e armas para as duas facções criminosas brasileiras.

De acordo com o ministro Arnaldo Giuzzio, da Senad, ele era uma espécie de “chefe executivo do tráfico”, garantindo que drogas e armas não faltassem para quadrilhas do Brasil, dando ordens a “soldados” espalhados pelo Paraguai.

No Brasil, investigadores ainda não sabem como Levi Felicio conseguia trabalhar ao mesmo tempo para o CV e o PCC, já que as duas quadrilhas travam uma disputa pelo controle das rotas de tráfico para o Brasil.

A informação sobre a colaboração dupla de Levi Felicio foi ratificada pela Senad, que informou também que, no Paraguai, ele subornava policiais para que não o prendessem. O órgão reconheceu que isso é normal entre os chefes do tráfico no país vizinho e, protegido no Paraguai, Levi Felicio passou a visitar o Brasil com frequência a partir de 2015.

Naquele ano, ainda foragido, ele conseguiu um habeas corpus revogando sua ordem de prisão. Mesmo respondendo a processos por tráfico, Levi esteve na região de Limeira e Piracicaba, onde atuava ao lado irmão Rodrigo, que segue preso.

Egresso do sistema penal

Levi Felicio já foi preso anteriormente após ser condenado por tráfico em um processo de 2002. Só saiu da prisão após sua punição ser reduzida pela Justiça. Quando já estava livre, passou a ser investigado na “Operação Gaiola”. Felicio ainda responde a pelo menos três processos no Brasil.

Quando autoridades brasileiras souberam que ele havia sido detido no Paraguai, pediram uma nova prisão preventiva dele, a qual foi autorizada. O governo paraguaio temia manter Felicio no país por suas conexões por lá e resolveu expulsá-lo.

O Ministério da Justiça não informou onde Felicio está preso. Sabe-se que seu destino final deve ser um presídio do sistema penitenciário federal, que já abriga uma parte da cúpula do PCC. A reportagem não conseguiu fazer contato com os advogados que hoje representam Felicio. Na casa de sua família, ninguém quis comentar sua prisão e expulsão do Paraguai.