Após queda de ‘Galã’, integrantes do PCC são presos em grupo na fronteira mas ação é ‘enxugar gelo’

Após duas incursões realizadas ontem (05) em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), a Polícia Nacional do Paraguai prendeu mais seis integrantes da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital). Trata-se da primeira prisão de uma grande quantidade de integrantes do grupo depois que o novo chefão do crime organizado na fronteira Elton Leonel Rumich da Silva, de 34 anos, mais conhecido como “Galã”, foi preso no dia 27 de fevereiro na cidade do Rio de Janeiro (RJ) fazendo uma nova tatuagem na perna.

Liderados pelo promotor de Justiça Samuel Valdez, os agentes da Polícia Nacional do Paraguai, apoiados por pessoal do Grupo de Operações Especiais (GEO) e do Grupo de Luta Contra Narcóticos, realizaram a primeira incursão a uma residência localizada no Bairro Fracción Guavirá, onde foram presos Lucas Ferreira da Silva, 23 anos, Raimundo Alfonzo de Carvalho, 33 anos, e Fabi Landolfi, toda a nacionalidade brasileira.

Já a segunda incursão foi em um imóvel localizada no Bairro Virgen de Caacupé, onde dois homens e uma mulher identificados como Héctor dos Santos, Leonardo Caio dos Santos, ambos brasileiros, e Nathalia Mariza Rojas Amaral, 22 anos, de nacionalidade paraguaia, foram presos. A operação ainda está em andamento e não se exclui que mais incursões possam ser realizadas em outros bairros de Pedro Juan Caballero até o fim desta semana.

O chefe de investigação de crimes da Polícia Nacional do Paraguai, comissário Germán Arévalos, indicou que as pessoas detidas devem ter várias ordens de captura no lado brasileiro. Isso seria confirmado uma vez que os agentes intervenientes pudessem entrar em contato com seus homólogos brasileiros.

Galã

Galã é apontado pelas autoridades paraguaias como o principal “articulador” da facção criminosa brasileira PCC no país vizinho, onde ele tem vários processos e está envolvido da maioria das execuções dos concorrentes. “Trata-se do principal articulador da célula do PCC no Paraguai. Ele tem uma intensa vida de faro da lei e é um viciado em cocaína, o que não deixa de ser um perfil dos grandes narcotraficantes da América Latina. Além disso, Galã é um dos assassinos de Jorge Rafaat, que foi morto em um ataque cinematográfico organizado por esse líder do PCC no nosso país”, disse o ministro da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), Hugo Vera.

O chefe da Senad advertiu que agora o Paraguai terá “disputas” de poder pelo controle do tráfico de drogas e de armas no norte do Paraguai, mais especificamente na “fronteira seca” do país com o Brasil, nas cidades de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS). Ele também indicou que a captura de “Galã” enfraquece o PCC no Paraguai e isso pode ser explorado pelas autoridades locais para atacar a facção criminosa no país vizinho.

“O PCC tem uma estrutura vertical em termos de tomada de decisão”, disse Vera, acrescentando que, dentro da referida poderosa organização criminosa brasileira, não há um chefe imediato e, portanto, enquanto o novo “comandante” do grupo não surge, a Polícia deve aproveitar para desmanchar a facção.

Vera comentou ainda que o PCC conseguiu “se esgueirar” para o sistema financeiro do Paraguai por meio de empresas de fachada criadas para a “lavagem” do dinheiro da organização criminosa. Elton Leonel Rumich da Silva, um dos criminosos mais perigosos do Brasil e no Paraguai, foi preso pela Polícia Civil na noite de terça-feira (27) na cidade do Rio de Janeiro (RJ) quando fazia uma tatuagem. Ele é acusado de ser o responsável intelectual pela execução do “Rei da Fronteira” Jorge Rafaat Toumani em 15 de julho de 2017.

Galã também é suspeito de ser o autor intelectual de um ataque que ocorreu em 25 de outubro de 2017 na cidade de Assunção, capital do Paraguai, contra William Giménez, que era um dos braços direitos do também traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, que está preso no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Na ocasião do atentado, o filho de William Giménez morreu e, ao verificar esse fato, cometeu suicídio.