Alquimia do tráfico: Colombianos transformam cocaína em ‘carvão’ para enganar a polícia

A Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) desarticulou, ontem (17), em uma pequena fazenda localizada a 8 quilômetros do centro urbano da cidade de Yaguarón, no Departamento de Paraguarí, uma estrutura criminosa composta por três colombianos que queriam enviar cocaína para a Síria. Para realizar o tráfico internacional do entorpecente, os bandidos estavam transformando a droga em um produto similar ao carvão por meio de processos químicos, a chamada de “cocaína negra”, que era realizado em um laboratório clandestino.

Segundo o promotor de Justiça Carlos Alcaraz, que conduziu o procedimento, foram presos os colombianos Armando del Cristo Tejada Guerrero, 75 anos, que seria o presumível líder do grupo, José Guzmán Reyes, 57 anos, e Nestor Enrique Guzmán Reyes, 55 anos, mais conhecido como “O Químico” e que seria o especialista no procedimento de tentar camuflar a cocaína em carvão. José Reyes seria o responsável pela geração de contatos para o envio de grande quantidade de drogas para a Síria, onde o valor atual de cocaína varia de US$ 70 mil a US$ 80 mil o quilo.

Ainda de acordo com os agentes da Senad, a presença desses narcotraficantes colombianos no Paraguai foi detectada há alguns anos no país vizinho, entretanto, somente em janeiro passado eles começaram a se instalar na área de Yaguarón. A partir do local, eles começaram a fazer esforços para criar uma empresa exportadora supostamente de carvão vegetal, que seria usada para fazer remessas para o país do Oriente Médio, com costas no Mar Mediterrâneo.

Foi nesse tempo que os agentes da Senad novamente detectaram os narcotraficantes e, aparentemente, um dos investigadores se infiltrou na organização criminosa fingindo ser um executivo capaz de montar a empresa com todos os contatos possíveis para as exportações. Graças a esse agente, foi possível verificar que Guzman tinha a fórmula para camuflar a cocaína como carvão vegetal, usando vários produtos químicos altamente tóxicos.

A promessa de Guzman era que, com esse processo químico, não teria nenhuma forma ou teste químico capaz de detectar a droga. No entanto, apenas ele lidava com a fórmula, então teria que acompanhar as remessas para poder reverter o processo e, assim, obter uma cocaína pura novamente para ser comercializado no país de destino.

O primeiro dos envios de teste deveria ser de 30 quilos e, caso a “cocaína negra” chegasse ao seu destino, seriam enviados outros 200 quilos por mês. Embora esse tipo de descoberta não tenha sido detectado no Paraguai, a “cocaína preta” já foi apreendida anteriormente na Colômbia e no Peru.