A infância e os cadáveres na fronteira com Paraguai; crianças crescem tropeçando em corpos pelas ruas

rafaat-jipeA fama de violenta da cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, localizada na fronteira seca com o Brasil, não é segredo para ninguém que mora em Ponta Porã (MS) ou em Mato Grosso do Sul como um todo.

Porém, após o assassinato cinematográfico do chefão mafioso Jorge Rafaat Toumani enquanto ele estava viajando a bordo de seu luxuoso SUV Hummer pelas ruas da capital Amambay, há pouco mais de um mês, contribuiu para propagar essa má reputação da cidade fronteiriça para o resto do Brasil e do mundo.

Uma reportagem do jornal ABC Color, um dos periódicos de maior circulação no país vizinho, revela que a cidade pode ser classificada como a mais violenta do Paraguai e que durante anos está mergulhada em uma espécie de rotina macabra.

De acordo com o jornal, as crianças quem crescem em Pedro Juan Caballero estão acostumadas a tropeçar, em mais de uma ocasião, com corpos de homens assassinados jogados nas calçadas da cidade enquanto elas estão a caminho da escola.

 Além disso, já se tornou rotina para as crianças da cidade paraguaia subirem nos muros colocados em torno do hospital regional quando ouvem as sirenes de ambulâncias para ver quem é o mafioso da vez que foi levado para a unidade de saúde.

Trata-se de uma realidade que aqueles que vivem fora de Pedro Juan Caballero não podem dimensionar, pois a violência do crime organizado está há anos entranhada na capital de Amambay, considerada o ponto chave da rota de tráfico de drogas e de armas para o Brasil e, daqui, para o mundo.