Uma semana depois do assalto na Bolívia em que 5 morreram participação do PCC é colocada em “xeque”

Sete dias após o golpe no coração de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde na quinta-feira da semana passada uma quadrilha de assaltantes fortemente armados invadiu a Joalheria Eurochronos e mataram cinco pessoas, a versão que os ladrões eram membros da facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC), como indicado pelas autoridades bolivianas horas após o fato com base em relatórios da Polícia, começou a sofrer objeções.

O primeiro questionamento sobre essa possibilidade foi levantado pelo promotor de Justiça de São Paulo, Marcio Sergio Christino, um dos especialistas no PCC. Ele alegou que a ação executada no roubo de relógios de luxo e joias que não foi cometida por membros da organização criminosa não é comum entre o grupo.

Marcio Christino indica que a principal atividade da organização é o tráfico de drogas e sua relação direta com a Bolívia está relacionada com isso, não com roubos como o executado na semana passada. Para o especialista, as pessoas que participaram no assalto e foram mortas pela Polícia são brasileiras mas há membros do PCC que se mudaram para Santa Cruz de la Sierra para cometer o crime.

Ele acredita que os assaltantes estavam associados na Bolívia e agiram por conta própria. Finalmente, Marcio Christino, autor de alguns livros sobre o desenvolvimento do crime organizado brasileiro, indica que sendo a principal atividade de PCC o tráfico de drogas, os líderes desta organização criminosa, nascida em uma prisão em São Paulo, tem ligações com traficantes da Bolívia, do Peru e do Paraguai, que são produtores de cocaína e maconha.

 O promotor José Parra, que está à frente da comissão de investigadores do Ministério Público e realiza a investigação da tentativa de assalto, também revelou que não tem elementos objetivos para confirmar ou excluir que os dois brasileiros mortos no Eurochronos, Antonio Adão da Silva Pinto Costas e Camilo Maldonado, são membros do PCC.

 “Absolutamente não temos elemento de convicção de que eles (os dois brasileiros) são membros do PCC. Oficialmente a acusação não tem nada. Oficialmente não podermos afirmar com convicção que seriam membros desta organização criminosa no Brasil, mas temos de afirmar os objetivos e elementos “, disse o promotor Parra.

 Ele também explicou que a investigação está agora na fase preparatória e disse que o pedido, através da cooperação internacional para o Brasil, um relatório sobre o comportamento criminoso dessas pessoas no país vizinho, bem como pedir a confirmação sobre seu suposto envolvimento no PCC. Questionado sobre a questão, sete dias por assalto malsucedido, o comandante da polícia provincial Rubén Suárez disse que o país tem apenas emissários do PCC que usam seus cúmplices apoio logístico boliviano para operações criminosas em execução.

O vice-presidente Álvaro García Linera, que que ocupou ontem o cargo de presidente interino, na ausência de Evo Morales, disse que o crime deve saber que o Estado, através de sua polícia vai responder com força a qualquer tentativa de provocar violência”

PASSADO MARCADO A BALAS

O comentário que Adão da Silva era um membro do PCC começou em 2014, quando em Guayaramerín (Beni), seu irmão Luiz da Silva Costa e um cúmplice, Raimundo Nonato da Costa Almeida, tentaram soltá-lo numa ação armada de um posto policial naquela localidade.

A tentativa falhou e Adão teve no seu currículo a primeira ação armada na Bolívia. A polícia enfrentou os criminosos num tiroteio e os abateram.

No final da batalha o saldo foi de dois mortos e um boliviano, sargento Milton Peredo Lafuente, ferido com um tiro no abdômen.

A partir dessa ação às autoridades decidiram levar Adão da Silva para uma prisão de segurança máxima em Chonchocoro, como havia rumores de que pessoas ligadas ao PCC iriam entrar no país para liberá-lo.

Mas Adão não precisou de nenhum apoio de organização criminosa brasileira para conseguir a liberdade, já que o juiz fernando Rivadeneyra deu a liberdade provisória para ele para dois bolivianos, Pinto Maldonado, Ronny Sua´res e Erik Landivar Dorado, os dois últimos participaram do assalto a joalheria Eurochronos e morreram.